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ONDE A NOITE SEMEIA DESERTOS DE ESCURIDÃO …
Não entendo o dialeto deste calado silêncio
que se enrosca como uma fogueira esfomeada
a nutrir-se das lenhas do meu pensar em cinzas.
Insípidos vazios saboreiam as minhas mendigas sinas
nesta mão de nadas com que os sonhos
me dão e tiram norte aos passos.
Trôpegos paladares a tudo
que os meus dedos apontam anelados por ébrios rumos.
Tristezas que opacam os meus desejos,
fumos que ofuscam as fomes da minha bússola,
beijos que viram do avesso os nomes do meu ser.
Não entendo os sonâmbulos varreres deste vento
de incrédulos suspiros que me domam os lemes à alma.
Verdes prados onde a noite semeia desertos de escuridão.
Lágrimas de saudade onde o tempo morre,
rios onde a solidão corre.
Não entendo a dormência das cores
que a insânia pinta nos hectares do meu olhar
nesta dolente insónia almofadada de dores e medo.
Pálidos lábios que cerrados
dizem frios gestos que ao adeus pertencem,
ajoelhares que sem Deus rezam murmúrios de morte.
Não entendo a vertigem
desta queda que se queda em pranto
por onde as minhas palavras fingem voar.
Grito de gritares
onde a felicidade e o suicídio se fundem
numa sólida parede de profundas sombras.
Cálice de lugares
que sem sítio habitam as entrelinhas da poesia.
Não entendo entender-me a monte,
desmontado de cume em cume em busca
de uma qualquer fonte de sede que seja o meu lar.
Não entendo.
.
.
.
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