CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Os Estatutos do Homem (Thiago de Mello) - uma carta universal dos direitos humanos poética.
Os Estatutos do Homem - Ato Institucional Permanente
Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade. Agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira.
Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança.
Artigo IV
Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo único: O homem, confiará no homem como um menino confia em outro menino.
Artigo V
Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.
Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.
Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.
Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.
Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.
Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa, qualquer hora da vida, uso do traje branco.
Artigo XI
Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã.
Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único: Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.
Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou.
Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.
Thiago de Mello, poeta, escrito em Santiago do Chile, abril de 1964.
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 3016 leituras
other contents of AjAraujo
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Meditação | Sem budismo (Paulo Leminski) | 0 | 2.385 | 01/13/2011 - 10:32 | Português | |
Poesia/Meditação | Bem no fundo (Paulo Leminski) | 0 | 2.375 | 01/13/2011 - 10:31 | Português | |
Poesia/Amor | Amor bastante (Paulo Leminski) | 0 | 990 | 01/13/2011 - 10:28 | Português | |
Poesia/Pensamentos | As pontes que precisarás passar (F. Nietzsche) | 0 | 3.377 | 01/13/2011 - 01:09 | Português | |
Poesia/Meditação | As mãos de Deus (David Lawrence) | 0 | 1.596 | 01/13/2011 - 01:08 | Português | |
Poesia/Meditação | Aninha e suas pedras (Cora Coralina) | 0 | 3.807 | 01/13/2011 - 01:05 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Aprenda (Robertson) | 0 | 1.347 | 01/13/2011 - 01:03 | Português | |
Poesia/Dedicado | Doce inocência... | 1 | 2.154 | 01/12/2011 - 18:28 | Português | |
Poesia/Haikai | Direção da Vida | 1 | 2.152 | 01/12/2011 - 18:24 | Português | |
Poesia/Meditação | Tracando rumos: rumo a paz interior | 1 | 1.134 | 01/12/2011 - 18:19 | Português | |
Poesia/Meditação | A tarde cai | 1 | 3.050 | 01/12/2011 - 18:15 | Português | |
Poesia/Soneto | A ponte (Mário Benedetti) | 0 | 3.216 | 01/12/2011 - 11:37 | Português | |
Poesia/Pensamentos | O prazer do amor (Pensamentos XVII-XXXII, Rochefoucauld) | 0 | 4.201 | 01/12/2011 - 11:33 | Português | |
Poesia/Pensamentos | A verdadeira coragem (Pensamentos I-XVI, Rochefoucauld) | 0 | 2.465 | 01/12/2011 - 11:31 | Português | |
Poesia/Meditação | Ah! Desgraçados. (Bertolt Brecht) | 0 | 6.396 | 01/12/2011 - 11:25 | Português | |
Poesia/Meditação | A solidão nas cidades | 1 | 2.091 | 01/11/2011 - 21:57 | Português | |
Poesia/Haikai | Sonho e Pesadelo | 1 | 1.957 | 01/11/2011 - 21:54 | Português | |
Poesia/Desilusão | Chorar não mais consigo | 1 | 2.017 | 01/11/2011 - 21:51 | Português | |
Poesia/Dedicado | Retrato do Desconhecido (Augusto Schimdt) | 1 | 1.282 | 01/11/2011 - 18:59 | Português | |
Poesia/Aforismo | Mistura Perfeita* | 1 | 1.391 | 01/11/2011 - 16:42 | Português | |
Poesia/Amor | Bem Aceito * | 1 | 2.463 | 01/11/2011 - 16:39 | Português | |
Poesia/Desilusão | Beijos plásticos * | 1 | 3.101 | 01/11/2011 - 16:35 | Português | |
Poesia/Amizade | Amistad (Friendship) | 1 | 41.343 | 01/11/2011 - 11:38 | inglês | |
Poesia/Amor | Caminhada | 1 | 1.621 | 01/11/2011 - 11:35 | Português | |
Poesia/Aforismo | Desatar os nós | 1 | 2.294 | 01/11/2011 - 11:31 | Português |
Add comment