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Palma Porque sim...Minha Senhora da Solidão

Que venhas cedo…
Tenho o amor a gelar ali num canto do frigorífico.
Fui pelas horas em ponta na demora dos teus andares bailarinos.
Hoje, não sei como dizer, mas cuspi uma mágoa.
Tem o sabor acre dos passos trocados e missivas de adeus nas estações do metro.
Cedo…
Eras tu no átrio da faculdade a passar-me aos olhos estenoses subaórticas hipertróficas idiopáticas, tanto para dizer a cardiopatia estúpida que me fazia o coração idiota e confusão aos olhos unidireccionais.
Tinhas a barafunda física dos meus sentidos em dança, em trança, em bocados que não conhecia senão dos dicionários baratos que trazem a palavra paixão na página quatrocentos e sessenta e dois em letras muito pequenas.
Depois, inventei os depois para te ver depois…
O concerto do Palma em mil novecentos e quando os passos não se trocavam a dar-te lume á porta do Coliseu.
Aparecias em todos os sítios para onde eu olhava.
Cedo…
Acabamos a noite no bairro onde o amor se diz alto a perceber nossos passos em volta…e na volta…
Quando decoramos todos os nomes de rua, quando contamos a um os degraus da Calçada do Duque, quando no Rossio ainda se tiravam bilhetes nas máquinas e se apanhava o comboio das dez para seis, sonhei uma greve geral que parasse os transportes para sempre.
Iríamos então a pé mundo fora, enquanto houvesse estrada para andar, enquanto quiséssemos continuar a dizer, encosta-te a mim.
Que venhas cedo…
Tenho o amor a gelar ali num canto do frigorífico.
Sinto-me frágil, tão frágil que estava capaz de ir comprar umas garrafas para gelar ali junto do amor.
Mas o centro comercial fechou, por mais que seja cruel não há ninguém que me ajude a ir atrás dos tempos, ao meu encontro na estrada, ao teu encontro na estrada, á origem do drama, onde nasceu esta balada de um estranho.
Temo que jamais voltarás, lá fora há um lugar no lado errado da noite meu amor…
Ainda há estrelas no teu olhar.
Cedo adivinho, conjecturo, pressagio o nunca…
Lembras-te quando o Joaquim leitão me pediu lume na Atalaia?
Mais tarde vimos o Palma encostado a um pavilhão da cidade internacional com medo que aquilo caísse, ou que ele caísse, ou que o amor, o mundo, o tinto, a cor, o lume, os teus olhos de então…cedo…
O Palma porque sim…
Minha senhora da solidão.

 

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segunda-feira, agosto 29, 2011 - 10:13

Poesia :

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Lapis-Lazuli

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