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PARDAIS HUMANOS
Pardais humanos
Tantos e tantos pardais humanos eu já vi,
A comer as migalhas no chão por aqui e por ali,
Olham em redor e só vêem reprovação,
Mas ninguém sente a tristeza do seu coração.
Comer as migalhas que outros deixam cair,
É triste, mas quem nada tem, tem de pedir,
Que outras mãos se estendam para os ajudar,
E não apenas para os reprovar.
Este pardais humanos, não falam, apenas olham,
Sempre de baixo para cima e choram,
Mas quem olha para baixo não os consegue ver,
Eles são ninguém que apenas desejam viver.
Olhar para baixo sem estender a sua mão,
A outro ser humano que pode ser seu irmão,
Não tem sentimentos, julga – se superior,
Mas esquece – se que um dia poderá ser inferior.
Ai aqueles pardais humanos que eu já presenciei,
A comer os restos que para o lixo eu já deitei,
Sem me lembrar que os restos que eu não comi
Podiam matar a fome aos que andam por aqui e por ali.
Como é que eu tenho tanta comida com fartura,
Desperdiço e não me lembro dos que vivem com amargura,
Por quererem pão para a boca, e não encontram nada,
E assim levam uma vida triste feita de nada.
Não deixem os pardais humanos depenicar as migalhas,
Que caem no chão, pelas sociais e grandes falhas,
Que ficam no esquecimento dos mandantes,
Porque não as consideram nada importantes.
Tavira, 11 de Outubro de 2010 - Estêvão
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