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PENSANDO




Pensando

 

Nascemos sem pedir e morremos sem querer,

Contra esta verdade nada podemos fazer,

São ordens da Natureza que temos de cumprir,

E da sua ditadura nunca podemos fugir,

Fugir, fazemos todos os dias para pagar a vida,

Que a Natureza nos deu, para a nos tirar de seguida,

E assim vamos vivendo dentro da nossa ilusão,

Que é a força fraca da nossa razão.

 

Razão, julgamos que a temos quando nascemos,

Quando viemos ao mundo mas logo a perdemos,

Não temos a força de pedir para nascer,

Vivemos e depois não queremos morrer.

Morrer, é a única certeza que a vida nos dá,

E durante esse tempo andamos para cá e para lá,

Ao sabor do tempo mas pensamos que assim não é,

Mas funcionamos como o nascer e morrer da maré.

 

Maré, do mar imenso que é eterna e nós não,

Estamos de passagem com o bater do nosso coração,

Que vai batendo, batendo, e a pouco e pouco morrendo,

E nós vamos vivendo na nossa ilusão comendo.

Comendo para viver mas a vida temos de pagar,

Aqui não estamos de borla, temos de trabalhar,

Denodadamente durante a nossa vida inteira,

Para depois seguirmos na nossa última carreira.

 

Carreira da nossa vida com tristezas e alegrias,

E assim vamos vivendo todos os dias,

Pagando o nosso preço por esta pequena estada,

Umas vezes sorrindo, outras chorando nesta caminhada.

Caminhada que nunca sabemos quando fenece,

O futuro fica sempre mais além e ninguém conhece,

Com ele sonhamos para termos o que queremos,

Mas nem sempre queremos o que temos.

 

Temos a nossa vontade de viver sempre sonhando,

Mas não sabemos para onde vamos caminhando,

A ilusão é e será sempre a nossa companheira,

Durante o tempo dos nossos sonhos a vida inteira

Inteira, partida no tempo que nos foi destinado,

Pela Natureza, para cumprir o que nos foi determinado,

E nunca nos lembramos que não pedimos para nascer,

E que temos de partir para o nada que fomos, sem querer.

 

 

Tavira, 16 de Setembro de 2010 - Estêvão

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sábado, março 2, 2013 - 11:30

Poesia :

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José Custódio Estêvão

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