CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Perdida a humanidade em mim

Perdi a humanidade,

Perdi-me da humanidade, não me posso achar mais nela,
A crescente nitidez em mim é igual a um um azul sem cal,
Olhos de perdiz em que os sonhos não se perdem,
Acrescentam o que vi em vida, vejo que me perdi desta gente,

Me perdi da humanidade e de tudo quanto fui e sou, agora nada
Me pertence, nada me vence, nada me acaba senão o despertar
De vez para cento e uma mil formas de ser que não havia
Em mim, isso me inclui sem dúvida num céu que perdeu o tom,

Deixai-me ouvir intenso o que não posso ver, o que nunca sonhei,
O meu próprio ser outro, não ter pensar como raiz d’pedra greda,
Desejos inúteis são pesos, vulgares apêndices, fálicos pesos
Ou fábrica de fúteis contas de efeito hipnótico em embalagens

De realidade em formol que não têm espécie alguma de sentir,
Nem nenhum elemento espiritual essencial, desses sem peso,
Nem preço, nasci para criar o que outros talvez não entenderão,
Estados de alma, projecções de ideais abstratos, ilúcidos,

Embora nítidos, todo o esforço foi em prol de separar-me
Do que sei e do que se ergue diante do meu passo de vista
Curva, visões e desarrumo, enquanto eu legitimo o céu
Solto, depois de retirados os castros e eunucos castelos

De praça quadradas e antigas, grandezas provisórias,
Sem alma, semelhante ao som de veículos de ferro
Chapa e solda, esquadrões da morte de um exército inteiro,
Desertado, coberto de alcatrão viscoso e palha solta, pregos,

Perdi a humanidade, o andar é um esforço em falso
E pode ser que nada valha, sei que  ainda não é o fim
Nem o princípio do desencanto, o mundo, é apenas tardio,
Os lusíadas um conto, Inefável é o que não pode ser dito

De verdade, Nem na sucessão dos deuses haverá Híades,
Princesas como promessas por cumprir, tratados “mundis”,
E esta humanidade sem comprimento nem encanto,
perdi-me da humanidade e de tudo quanto fui, agora nada sou,

Nada me pertence, nada me vence, nada me acaba,
Perdi a finalidade “ao-que-vim”, Perdida a humanidade
Em mim …

Joel Matos ( 04 Dezembro 2020)
http://joel-matos.blogspot.com
https://namastibet.wordpress.com

Submited by

sábado, janeiro 2, 2021 - 17:08

Poesia :

Your rating: None (1 vote)

Joel

imagem de Joel
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 3 semanas 5 dias
Membro desde: 12/20/2009
Conteúdos:
Pontos: 42009

Comentários

imagem de Joel

obrigado pela leitura e pela partilha

obrigado pela leitura e pela partilha

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Joel

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Ministério da Poesia/Geral Saudades… 0 1.637 02/23/2018 - 13:52 Português
Ministério da Poesia/Geral Sem glúten. 0 1.158 02/23/2018 - 13:49 Português
Ministério da Poesia/Geral Quando olho não me conheço… 0 694 02/23/2018 - 13:47 Português
Ministério da Poesia/Geral Homem Anão. 0 1.860 02/23/2018 - 13:44 Português
Ministério da Poesia/Geral A minha validade 0 1.896 02/23/2018 - 13:39 Português
Ministério da Poesia/Geral Fui… 0 635 02/23/2018 - 13:31 Português
Ministério da Poesia/Geral Pouco original… 0 2.037 02/23/2018 - 13:27 Português
Ministério da Poesia/Geral Como é possível. 0 1.908 02/23/2018 - 13:25 Português
Ministério da Poesia/Geral D’autres pas. 0 1.233 02/23/2018 - 13:20 Português
Ministério da Poesia/Geral Amor prisão 0 912 02/23/2018 - 13:18 Português
Ministério da Poesia/Geral Hoje não encontrei a dor 0 445 02/23/2018 - 13:16 Português
Ministério da Poesia/Geral A tasca dos abissais… 0 2.188 02/23/2018 - 13:11 Português
Ministério da Poesia/Geral Quanto do malho é aço… 0 1.246 02/23/2018 - 13:08 Português
Ministério da Poesia/Geral Ave cantora… 0 1.475 02/23/2018 - 13:06 Português
Ministério da Poesia/Geral A razão do tempo… 0 644 02/23/2018 - 13:00 Português
Ministério da Poesia/Geral O desejo que morrerá comigo… 0 1.966 02/23/2018 - 12:57 Português
Ministério da Poesia/Geral De-louco… 0 344 02/23/2018 - 12:54 Português
Ministério da Poesia/Geral Há pessoas de linho-branco… 0 1.901 02/23/2018 - 12:25 Português
Ministério da Poesia/Geral Zé Luís-Filho… 0 1.070 02/23/2018 - 12:24 Português
Ministério da Poesia/Geral Cidade País 0 1.749 02/23/2018 - 12:07 Português
Ministério da Poesia/Geral Rua dos sentidos orfãos 0 238 02/23/2018 - 11:54 Português
Ministério da Poesia/Geral Os amantes suicidam-se duas vezes 0 2.236 02/23/2018 - 11:53 Português
Ministério da Poesia/Geral David Ou… 0 797 02/23/2018 - 11:51 Português
Ministério da Poesia/Geral Odor de lagoa Chã… 7 1.034 02/23/2018 - 11:43 Português
Ministério da Poesia/Geral À vontade presa … 1 2.250 02/23/2018 - 11:40 Português