Poema pobre e popular

Odeio as pessoas que têm piscina em casa
Quem tem um carrão para andar ao domingo
E um carro para andar durante a semana
Odeio as mulheres que dão 100 euros por um par de sapatos
Odeio os homens que andam sempre de gravata

Odeio gente rica e contente em capas de revista
Adolescentes com i-phone e cães cor-de-rosa

Odeio não por não ter
Nem sequer quero o dinheiro em lugar das coisas
Só quero liberdade

Odeio carne, peixe e leite
Reciclagem, bicicletas e passeios à-beira-mar
Parques de reserva e maratonas
Odeio pensões, associações e fundações
Velhos, novos, ativos e desempregados
Porquê? Porque dão dinheiro!

Odeio quase tudo
Mesmo onde eu estou
Que sei morrer e pouco mudo

Odeio polícias, médicos e bombeiros
Bibliotecas, escolas e creches
Odeio mercados, feiras e mercearias
Porquê? Porque não dão dinheiro!

Virar o mundo ao contrário
É o meu sonho ou quase nada