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Posso entrar?
Nos bolsos rotos, do casaco que mais gosto, existem ainda vestígios das intempéries do último inverno. A chuva deixou como se o seu território delineado. No forro do casaco descolorido, agrafei ao forro incenso, num pedaço de papel com minúsculos buracos para que o perfume se dilua lentamente. Conseguirei assim afastar as as traças que degolam os meus sonhos?
- Posso entrar?
Truz… truz… bato à porta do teu coração, envolto numa nuvem vermelha que me fascina e atrevo-me a perguntar ainda mais alto.
- Posso entrar?
Ah, as saudades que eu tive dos lírios dos campos, do sol esbatido a desaparecer no mar mais profundo. Das letras saltitantes que me calçaram os dias, do que pensava sem sono quando a noite embebia os meus olhos em pura cafeína.
Pé ente pé, articulo-me com as mãos. Piso o palco com medo de ser o bobo da corte e digo um olá para morder o silêncio que me asfixia.
- Posso entrar?
Cá estou… de mangas arregaçadas que o tempo enlouqueceu, limpando o entulho que me
entope as meninas dos olhos, caso eu necessite de chorar.
Ah… porque teve que ser assim?
(VÓNY FERREIRA)
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Comentários
Re: Posso entrar? p/Vony
Amiga, todos os seus poemas têm no mínimo uma leitura minha!!!
Sabe ou fique a saber que a admiro na escrita e não é só daqui do WAF...
Abraços amiga!!!
Mantenha-se presente, todos temos a ganhar com isso...
;-)
Re: Posso entrar?
Pé ente pé, articulo-me com as mãos. Piso o palco com medo de ser o bobo da corte e digo um olá para morder o silêncio que me asfixia.
Gostei do poema!!!
À vida quase se aplica o mesmo!!!
:-)
Re: Posso entrar?
Querida Inês tens sido por aqui uma das
pessoas que nunca regateou uma palavra carinhosa.
Jamais o esquecerei.
Suzete, muito obrigada pelas palavras.
Henrique, fiquei tão feliz que me tivesse voltado a ler!
Acredite... obrigada por comentar.
Abraços e beijos a todos.
Vóny Ferreira
Re: Posso entrar?
Com a leitura do teu belo poema,viajei nessa profunda meditação e gostei muito de entrar nesse rico universo.
Bj.
Suzete.
Re: Posso entrar?
"No forro do casaco descolorido, agrafei ao forro incenso, num pedaço de papel com minúsculos buracos para que o perfume se dilua lentamente. Conseguirei assim afastar as as traças que degolam os meus sonhos?
- Posso entrar?
Truz… truz… bato à porta do teu coração, envolto numa nuvem vermelha que me fascina e atrevo-me a perguntar ainda mais alto.
- Posso entrar?"
As tuas letras nem precisam de pedir licença, Vony!
Gosto sempre de as receber em mim!
Já tinha saudades de te ler!
Beijinhos em ti!
Inês
Re: Posso entrar?
""bato à porta do teu coração, envolto numa nuvem vermelha que me fascina"" Dito desta forma, está claro que pode entrar, terá sempre entrada livre. Bonito texto. Abraços
Re: Posso entrar?
Agradeço a ambos as vossas leituras.
Obrigada
Vóny Ferreira
Re: Posso entrar?
Por vezes sentimo-nos uns estranhos,
até, na nossa própria casa.
Gostei de ler.
:-)