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Pudesse eu
Pudesse eu, não ter laços
Ou esperança,
Cair no poço sem fundo,
Com que sonhava em criança,
Pudesse eu, na garganta sentir,
Torturante,
A dor no parir, perto ou distante
E o choro aflito dos qu’hão-de vir.
Pudesse eu, fazer
-“O que me dá na gana”,
Não morreria numa cama,
Escolheria viver enterrado,
Sentindo o peso da terra,
Amontoada na tumba,
E os caniços, varando-me a cara nua,
Numa sensação boa,
Pudesse decepar eu, os braços
E salvar a dor
Na alma,
Não seria estranha,
A sensação tamanha de sentir,
Que deveras sinto…
Joel Matos (10/2013)
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