INVERNOS DESBOTADOS

Muitos invernos foram passando...
Desbotados, tímidos, frios encapsulados...
E a lagarta em seu casulo esperando seu tempo de borboleta chegar
Tempo de grande aprendizado
Tempo de grande recolhimento e trabalho
Em sua caverna bruta, suas raízes fortes lutam para escapar, mas só os sonhos conseguem colocar a cabeça pra fora e espiar
 Logo se recolhe e acorda e emudece
Não se revela; não se decifra; não se define...
Os raios solares teimam em entrar
O fogo acesso atira suas faíscas, estimulado por suas chamas ardentes
E a caverna bruta começa a se lapidar...
E o casulo deseja romper-se, e a lagarta se agita; se estica; se desprende...
Vira borboleta derrepente...
Vaidosa, orgulhosa, ansiosa já quer voar...
Mas os invernos deixaram a lição: seja prudente!
Espere o verão...
Descontente espera e ensaia alguns vôos, precisa treinar...
E quando nem se da conta, estava voando aqui e ali... aqui...acolá
Dando adeus aos invernos desbotados.