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SE VOCÊ TEM VONTADE DE ESCREVER, FAÇA COMO EU (Parte 2)
Então, mesmo sem saber o porquê, eu vou continuar a escrever. Me pergunte: Está falando em escrever o romance “Só a Jaqueline que não veio”? Respondo: Não! Qualquer coisa que me vier na cuca. No fim, tudo acaba servindo para o romance; sempre foi assim. Bem, agora há pouco eu me sentei no sofá, pensando em ver as notícias na televisão. Estava muito calor. Eu nem sabia se ligava o televisor ou o ventilador. Me levantei e fui até a cozinha. Abri a geladeira e peguei uma bela fatia, bem vermelhinha, de melancia gelada, peguei um prato e fui novamente para o sofá. Quando eu comecei a saborear, uma coisa insignificante tal qual as coisas que estou escrevendo para conteúdo do romance, chamou a minha atenção.
- O que foi?
- Um som. Eu ouvi, bem nitidamente, assim: plin! Você sabe o que é ‘plin’? É o barulhinho de uma semente de melancia caindo dentro de um prato branco. Aí, você pode questionar:
- Se o prato fosse verde, seria diferente o barulho?
- Respondo que sim! Seus olhos e ouvidos podem não perceber, mas as cores são relativas ao comprimento das ondas eletromagnéticas da luz, então imperceptivelmente poderiam produzir som diferente. Logo, você me pergunta:
- E, daí?
- Como estou sendo idiota alongando o assunto, respondo: Não sei, o que importa não é o som, mas a semente.
Eu olhei para a melancia. Você poderia completar: ... e ela olhou para mim. Não foi isso. A semente, através do meu cérebro, que tira coisas da caixinha e conta para mim, me falou uma verdade sobre ela. Prostrada, inerte, imóvel, em seu sono à espera da germinação, ela me perguntou:
- O que eu sou?
Eu respondi:
- Uma semente.
- O que é uma semente?
- Uma certeza ou esperança de uma nova vida.
Então, ela um pouco triste, falou:
- Vocês humanos superficializam tudo. Eu sou em todo o universo, o primeiro pen drive. Concretamente, um pen drive, porque tudo o que existe sobre a futura melancia, ou tudo o que venha a existir já está gravado dentro de mim.
J. Thamiel
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