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Solidão
Estranhas pessoas familiares andam á deriva pelo meio das ruas, vielas, casas
navegando nas fronteiras do espaço e do tempo, á procura de ordem no meio do caos,
á procura de direcção neste deserto de crenças,
neste ateísmo simbólico que muitos chamam espaço pessoal.
Barcos abandonados ao vento,
homens longe da sua origem,
á procura de uma prece a que se agarrar,
um estranho que diga:”.desta vez vai corrrer tudo bem...”,
sinais das tempestades existencias que desaguam no coração humano.
Uma cruz gravada no meio do abismo,
sob o fogo do submundo,
engulindo tudo sobre a sua passagem,
para reclamar as almas já mortas por dentro de corpos-involcros,
á espera da confirmação final para o apocalipse.
Vejo sombras a caminhar na rua,
negras e multiformes de natureza,
como fantasmas presos entre dois mundos tão reais como o meu coração,
á espera que alguém lhes toque,
que lhes alguém o quanto os ama, o quanto são humanos,
o quanto são reais nestes dias de desespero/raiva.
Destinos que invariavelmente se separam no trilho da vida,
forças motoras de tecnologia fria e distante,
separam mundos e vidas do seu caminho natural,
ocultam anseios e sentimentos prestes a ser revelados,
depostos pela escuridão que invade o quarto.
Desespero, raiva, medo e amor,
sentimentos que nos afastam do ouvir o nosso coração,
ouvimos apenas o som do trafego, dos camiões industriais,
a solidão quente no meio de multidões,
o barulho constante dos aviões que partem,
o som brilhante das cidades que nunca dormem,
o pôr-do-sol encoberto pelos prédios.
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