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Sou um mistério (Agostinho Neto)
Sou um mistério.
Vivo as mil mortes
que todos os dias
morro
fatalmente.
Por todo o mundo
o meu corpo retalhado
foi espalhado aos pedaços
em explosões de ódio
e ambição
e cobiça de glória.
Perto e longe
continuam massacrando-me a carne
sempre viva e crente
no raiar dum dia
que há séculos espero.
Um dia
que não seja angústia
nem morte
nem já esperança.
Dia
dum eu-realidade.
Agostinho Neto (1922-1979), médico e poeta angolano.
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terça-feira, maio 17, 2011 - 01:45
Poesia :
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