Um Dia Chamei Por Deus.

Estava em paz vendo o caminho
E estava junto, com um punhado de amigos,
Foi aí que um dia veio de assalto,
Como uma sombra e fez seu ninho
No coração a saudade.

E estava só, consigo...

Um dia eu chamei por Deus
Nas paredes da minha casa,
No templo, e nos bancos da igreja.
Um dia chamei por Deus
Como alguém que escolheu
Chama-lo.

O medo de estar só na penumbra
E nas sombras da dúvida
Residia em mim, e consigo.

As pessoas se enclausuram na redoma de si
E enraízam na alma o seu afastamento total
Uma das outras... A solidão na dúvida, um se...
Um porém, um talvez, um encadeamento parcial,
Numa falta, numa carência e num final sem inicio.

Havia homens na igreja
Quando avistei,
Mas estavam nos bancos
Como um bando de ilhas.

Pessoas nas ruas também isoladas, notei.

Como de relance eram tantos que pregavam o preconceito
Eu vi...
E vi espíritos afastados
Sem comunhão,
Que se diziam comungados com Deus, num punhado, na oração...

E vi, senti tudo
Com muito desgosto
Quase ao ponto
De rolar no rosto
Um pranto.

Quanta injustiça!

Se houver um dia justiça divina
Perceberão eles, indignos
Que respeitar a liberdade e a vida do outro
É a maneira correta
De amar-se e comungar com Deus
E que jamais compartilharam...

Perceberão...
Que é necessário amar mais que a si mesmo
Pra se ver refletido em divindade no próximo.