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Um tu que não sou eu


Ilusão.
Sofreguidão
de não ter o teu ser.

Inquietude.
Silenciosa
por te ter e não perceber.

Questionamento.
Incessante
para saber o que não queres dizer.

Jogo dialéctico
entre um eu e um tu
um tu que não sou eu
um eu que não sou tu.

Jogo
de palavras
esqueléticas
de troncos nus
nascidas de raízes de árvores
e nas folhas alargadas
em sentires incomuns.

Arranco-as das entranhas
como se extrai um tumor.
Destruidoras, malignas.
Queimo-as sem dor.

Exercício difícil…
Gotas de suor
lavam partes do corpo
já falecidas.
Renascidas
aguardam no lancil
do passeio labial
que a nascente cerebral
lhes dê outra vida…
Sentidos imagéticos
puros…

Assim, talvez
possa compreender
o que não queres dizer…

Assim, talvez
o eu e o tu
e o tu que não sou eu
assinem o pacto do entender…

OF 23-06-2011
 

Submited by

segunda-feira, julho 11, 2011 - 01:49

Poesia :

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Odete Ferreira

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Última vez online: há 4 anos 50 semanas
Membro desde: 01/11/2011
Conteúdos:
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Comentários

imagem de rainbowsky

Pacto

Olá Odete.

Começo pelo fim para falar deste poema:

 

Assim, talvez
o eu e o tu
e o tu que não sou eu
assinem o pacto do entender…

 

Esta parte final revela excatamente aquilo que durante algum  tempo tentei decifrar, mas o pacto do entendimento  apenas foi selado pela minha alma. A outra (minha ilusão), não o fez.

Vive-se na ilusão, com sofreguidão. A dor de não ter, mas afinal ter e não perceber.

Muitas são as palavras ditas, muitas delas olhos nos olhos, transportando um rio de certezas absolutas (aparentes). Mas no fundo, de tudo o que é dito resta a sempre dura incerteza de não saber quais as palavras que não se querem dizer. Revela também que a confiança que temos (em nós próprios ou nos outros), por vezes também se pode confundir.

Exercício difícil…
Gotas de suor
lavam partes do corpo
já falecidas.
Renascidas
aguardam no lancil
do passeio labial
que a nascente cerebral

 

 

Porque é sempre um exercício complicado. Arrancar algo das entranhas como se fosse um tumor, é mesmo isso... sendo maligno por muito que se  remova, parece sempre ficar um vestígio do poder destruidor que ele pode causar.

Daí o suor. Ora lava partes do corpo renascidas (quando a ilusão parece esfumar-se e sorrir é realidade que rima com felicidade). Falecidas, quando tudo parece desmoronar-se como um castelo de cartas.

Resta a ânsia (que para o outro pode nem ser sentida, pode nem ser perceptível) de que nesse "passeio labial" surja a resposta mais aguardada (beijo, por exemplo), que da nascente cerebral....

                                                                                      
lhes dê outra vida…
Sentidos imagéticos
puros…

Uma outra vida como renascer das cinzas.

Sentidos imagéticos e puros, como se a água pura e transparente de um rio afluisse como sangue... do cérebro ao coração, com o conhecimento (pacto)... diria que não total, para manter uma cálida magia intrínseca... e então poder dizer-se que talvez do...

 

Jogo
de palavras
esqueléticas


Possa um "Jogo dialéctico entre um eu e um tu"  ... "ganhar massa muscular", entenda-se tranquilidade... para que mesmo sem palavras... com sintonia, qualquer pacto possa ser entendido por ambos, sem sequer se referirem a ele.


 

Não sei se a minha análise é a certa ou não, mas é ao mesmo tempo também uma visão da minha próprio existência e sobretudo da minha vivência, com aquele questionamento que não deveria ser tão vincado. No fundo, este é um poema/questão com o qual me identifiquei.

E despeço-me deixando um beijo*

 

rainbowsky

imagem de Odete Ferreira

Um tu que não sou eu

rainbowsky: não conseguiria responder-te de igual, em termos da "dissecação" que fizeste ao poema, Tive de fazer exercícios idênticos mas em contexto de sala de aula e só quando dava aulas ao 9.º e secundário. Em consequência, louvo a tua extrema paciência e atenção PARABÉNS a ti, acho que o poema não nerece tanto :)

Globalmente é coerente a tua análise e ainda bem que te identificaste com ele...

Mas há sempre um mas, um algo que pertence a quem escreve...:)

Muito obg.

Bjo :)

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