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As vacas também mugem
Não sei quantas laçadas
hei-de dar
nesta maldita corda
que me envolve o pescoço
de azedume e rejeição.
Será que ela condiz
com o meu fato de serapilheira
que carrego no meu dorso?
Digam lá!
Quantas laçadas tenho que dar?
Faz-me tanta falta
um pouco de dignidade,
nasci na lavoura
e com ela perdi a virgindade,
a sombra já repousa
nestas mãos inférteis
do pão de outrora,
sossego agora a minha inutilidade
debaixo das azinheiras
crédulas de cordas cânhamo.
Raio que os partam
que as vacas também mugem,
apresam-nos agora a morte
em malgas desertificadas,
de arados de seiva,
dos cantares rústicos
das crianças que já não voltam.
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Poesia :
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Comentários
Re: As vacas também mugem
Um poema com arte, razão e sentimento!!!
:-)
Re: As vacas também mugem
Um lugarejo algures perdido nos montes onde os sonhos se perdem na profundeza de um poço.
É preciso içar o balde para os trazer à tona dessa fúria (in)contida.
Beijo
Re: As vacas também mugem
Muito bom, Conceção!
Por vezes, os mteus poemas são gritos deseperados que não ferem os ouvidos. Só a alma...
Bjs
Re: As vacas também mugem
Os teus poemas têm sempre o seu quê de intervenção...
Além de extremamente belos e bem construídos, têm o condão de me deixar a matutar.
Beijo.