Voo num sonho

Ainda carrego em mim a maldição
De sentir o bater do coração
Anjo de asas negras que em vão
Ainda voa sem razão
Vale de sombras, o lugar para onde vou
Parte daquilo que restou
De mim
Palavras mudas, caneta e papel
Um pouco de luz, pedaço de céu
É o que vejo e anseio tocar
É o que oiço sem me importar
Enfim,
O anjo ainda voa com destino incerto
Só nos seus sonhos parece liberto
Sinto-me longe e ao mesmo tempo tão perto
De encontrar o rumo certo
Mesmo no ar sigo uma estrada
Mesmo a sonhar não tenho morada
Assim,
As penas negras seguem o vento
Sempre distante no pensamento
Vivo por fora, morto por dentro
O próprio ar serve de alimento
Mesmo cansado eu sigo em frente
O sonho só pára quando é evidente
O fim