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Xadrez (Jorge Luis Borges)

I.

Em seu grave rincão, os jogadores

as peças vão movendo. O tabuleiro

retarda-os até a aurora em seu severo

âmbito, em que se odeiam duas cores.

 

Dentro irradiam mágicos rigores

as formas: torre homérica, ligeiro

cavalo, armada rainha, rei postreiro,

oblíquo bispo e peões agressores.

 

Quando esses jogadores tenham ido,

quando o amplo tempo os haja consumido,

por certo não terá cessado o rito.

 

Foi no Oriente que se armou tal guerra,

cujo anfiteatro é hoje toda a terra.

Como aquele outro, este jogo é infinito.

 

II

Rei tênue, torto bispo, encarniçada

rainha, torre direta e peão ladino

por sobre o negro e o branco do caminho

buscam e libram a batalha armada.

 

Desconhecem que a mão assinalada

do jogador governa seu destino,

não sabem que um rigor adamantino

sujeita seu arbítrio e sua jornada.

 

Também o jogador é prisioneiro

(diz-nos Omar) de um outro tabuleiro

de negras noites e de brancos dias.

 

Deus move o jogador, e este a peleja.

Que deus por trás de Deus a trama enseja

de poeira e tempo e sonho e agonias?

 

Jorge Luis Borges, poeta argentino.

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domingo, maio 29, 2011 - 19:00

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