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à procura...

-Estava a ver que nunca mais te despachavas! –Referiu um homem ao observar que uma senhora se sentou na sua mesa. Ambos encontravam-se num bar bastante discreto. Encontravam-se algumas pessoas sentadas a beber cerveja, mas no entanto, o ambiente não estava agradável. Nem por sombras! A decoração era repleta de caveiras e quadros obscuros. Havia uma mesa de snooker onde um casal de namorados se estavam “a comer”, literalmente! As pessoas que eram clientes habituais da casa tinham um aspecto tão sujo, tão horroroso que só quem for igual é que conseguiria estar naquele antro de sujidade. Caso fosse necessário procurar um ladrãozeco, um violador, um assassino, uma pessoa insana, então bastava vir ao bar da Morte. Sim, era assim mesmo que se chamava este bar.
-Já impaciente, a esta hora da manhã? –Respondeu a mulher olhando para a cadeira onde iria sentar-se. Chiques e com manias esquisitas. Apenas gostava de que tudo estivesse minimamente limpo. Algo que duvidava. Assim que entrou naquela casa nojenta, o seu aroma feminino perfurmado sumiu-se. O seu odor bem que tentou lutar para permanecer e purificar o fedor que estava entranhado naquele estabelecimento, mas o horrível cheiro ganhou com larga vantagem. A senhora parecia alguém bastante importante. Pelo menos, importante o suficiente para as pessoas esconderem as armas ilegais que faziam questão de manter à mostra, apenas para manter a sua reputação. Porque para um homem, a sua reputação é o mais importante. A maneira como ela se vestia, a maneira como andava, como inspeccionava o lugar era o suficiente para deixar todos os homens, adultos ou não, loucos por aquela mulher misteriosa. O maior problema era que a senhora sabia as sensações que as suas movimentações causavam.
-Tanto tempo e mesmo assim não me conheces? Sabes que eu tenho toda a paciência do mundo. Só que... –O homem parou de falar quando a viu a observar muito atentamente o local onde se encontrava enclausurada naquele preciso momento. Fitou-a durante alguns segundos. Como era bela aquela mulher com quem se encontrara. E pensar que um dia, ela fora a pessoa mais importante da sua vida. Mas já não o era. Agora era apenas uma senhora de negócios com a qual lidava muito frequentemente. Apesar de apenas a olhar por breves segundos, esse gesto não passou despercebido à jovem que agora também o olhava. O senhor olhava-a intensamente, capaz de mergulhar na profundidade daquele olhar esverdeado. Podia viver só de olhar para aquele par de olhos. E vivera feliz. A senhora olhou-o de uma maneira tão profunda, como se tivesse sido vitima de hipnotismo, fazendo-a olhar sem nunca parar. Entreolharam-se durante segundos. Mas esse pouco tempo fora mágico. Apenas ele e ela é que importavam. Parecia terem sido teletransportados para um lugar só deles, onde apenas eles existiam. Estava tudo perfeito.
Até que o jovem senhor embriagado pela sua visão e olfacto toca na mão, acariciando a pele macia da sua companhia. Logo o clima mdou. Já não era bom. Uma nova tensão avassalou e apoderou-se dos dois. Ela repudiou o seu toque, agarrando na mão do senhor, torcendo o braço, de modo a fazê-lo soltar um gritinho. O olhar que a rapariga lhe lançava era tudo menos amistoso. Aquela jovem mulher e aquele jovem senhor estão interligados de uma maneira especial. Os sentimentos que nutriam um pelo outro eram tão confusos, mas no entanto, determinados e fortes.
-Espero que não esteja esquecido do que nos trouxe aqui. –Referiu em tom de censura a rapariga.
-Claro que não. Apenas estava a pensar que este lugar não é o mais apropriado para uma dama. Como a senhora. –Falou, sorrindo ao ver a face da senhora a ruborizar-se.
-Vamos ao que interessa. Quanto menos tempo passar na sua presença, melhor. –Respondeu ríspida, mas não assustou o jovem. Ele sorriu-lhe mais um pouco. Não conseguia evitar. Adorava estar perto dela, ouvir a sua voz. Sempre que estava na sua presença era como se ficasse petrificado com tamanha beleza. E então, com um suspiro retomou a sua posição de senhor de negócios com uma expressão impassível. Apesar de gostar muito da companhia que tinha, não lhe agradava muito estar ali naquela situação sempre que se cruzavam era porque havia algo para ser feito. E a conversa entre os dois apenas servia para cada um descobrir o que o outro sabia.
-Não sei se conhece a história da Cleópatra VII do Egipto? – Perguntou a rapariga baixinho.
-Sim, eu estou familiarizado com a história. Diz-se por aí que a rainha do Egipto era muito bela, mas no entanto muito inteligente. Ao que parece, ela descobriu uma maneira de permanecer bela para sempre.
-Diz-se que inventou um pó que a mantinha bela, para sempre.
-Mas se isso for verdade, então porque é que ela não o usou? –Perguntou o senhor não esperando obter uma resposta. Ele próprio sabia a resposta. Apenas não queria divulgar o que sabia e assim quem ficava a ganhar era a rapariga misteriosa.
-Ela não usou porque não teve tempo. Supôe-se que a Cleopatra VII quando decidira usar o papiro que retinha o segredo da beleza eterna, esqueceu-se de que ele estava protegido por uma serpente. Morreu com uma mordidela desse animal esguio.
-Então não sabes onde o papel está escondido? –Perguntou sorrindo o senhor, adivinhando a resposta.
-Não, não sei. E pelos vistos, você também não. –Falou francamente a senhora. Parecia despida de qualquer sentimento. –Eu não gosto muito da ideia, mas são ordens. Vamos trabalhar juntos? –Notava-se que lhe custava estar a fazer este pedido. É quase como se fosse implorar. Enquanto falava mantinha sempre o olhar concentrado naquele homem que estava à sua frente. Como podia odiá-lo e amá-lo ao mesmo tempo? Mas era teimosa. E mesmo que o coração cedesse, esta nunca iria ceder ao seu desejo mais profundo que decidira chegar à superfície.
-Sim, tem de ser. –Falou o rapaz um pouco abalado pelo facto de ter de ser obrigado a trabalhar com ela. Não que não o quisesse fazer, apenas não queria que tanto ele, como ela se sentissem obrigados a trabalhar juntos. –Desculpa, nem te perguntei. Queres beber alguma coisa? Um café? –Perguntou tentando inutilmente mudar de assunto.
-Não quero nada. Estamos aqui para falar de assuntos estritamente profissionais, nada mais.
A rapariga aparentava ter dezoito, dezanove anos, mas era bem mais nova que isso. Era bonita, magra e alta. Tinha cabelos louros encaracolados com um belo cheiro a morango. Os seus olhos eram pequeninos, azuis, mas bastante sedutores. Notava-se que não se sentia à vontade sentada naquela mesa, naquele lugar. O seu corpo robusto com muitas curvas, mas não no local errado. Não, estavam no local exacto, na medida certa. Aquele corpo estava tão bem desenhado. Até chegava a parecer um modelo de perfeição. No entanto, todas aquelas curvas, aquelas melhorias eram escondidas a todo o custo. Vestia um conjunto de senhora preto bastante clássico, mas a camisa branca que tinha debaixo do casaco estava desabotoada até à parte do tronco. Mostrava um pouco demais do seu peito. Demais até! Mas era inevitável isso acontecer e apesar de interiormente ela não gostar, quando a atenção dos seus clientes recaía sobre essa grande área, aceitava os elogios sem qualquer embaraço ou vermilhão.
-Porque é que és assim?Visto que temos de ir trabalhar, porque não conversamos sobre nós? Eu...
-É que nem comeces. –Interrompeu rapidamente a moça.
-Porquê?
-Porque sim, eu é que sei.
-Isso não é resposta. É apenas uma desculpa. –Neste momento levanta-se da cadeira.
-Não vais fazer aqui uma cena. Senta-te.
-Então diz-me porquê? –Voltando a sentar-se.
-Porque já não existe nós!
-Existe sim. Eu e tu igual a nós. Vá lá!
-Não. Nós agora temos de esperar o...
-O chefe... sim, eu sei. –Respondeu muito a contra gosto.
O rapaz aparentava ter uns vinte, vinte e um anos, mas tinha muito menos do que isso. Era bonito, alto e bem apetrechado. Cabelos louros e olhos azuis. Era um engatatão de primeira. Conseguia conquistar qualquer rapariga que lhe aparecesse à frente, mas no entanto, nenhuma delas lhe interessava realmente. A não ser aquela rapariga que estava na sua frente. Ela era capaz de o deixar louco. Só o facto de estar ali, bastante nervosa e impaciente, já era razão para o deixar louco. O seu corpo bem constituído com os músculos bem delineados, mais parecia um boneco de brincar de criança, um “action man”, do que realmente um homem verdadeiro. Mas nada disso parecia a impressionar. Talvez ele não fosse o tipo dela, ou talvesz ela tivesse seguido com a sua vida para a frente e arranjado um novo mais-que-tudo. Não! Essa última opção estava fora de questão. Apesar de parecer bem na presença dela, ele estava bastante desconfortável naquele lugar, naquela posição.
-O que estás a pensar? –Perguntou a rapariga num tom de voz bastante carinhoso. Ele olha-a surpreendido, mas logo percebe que não é só ele que se sente mal por as coisas terem acabado entre eles. Ela queria ter continuado a relação. Tanto ou mais que ele.
As pessoas iam entrando e saindo do bar, enquanto que este casal olhava-se de uma maneira tão intensa que ninguém se atreveria a quebrar o contacto de olhares. Tinham tanto para dizer um ao outro, queriam tanto tocar o outro, mas aquela vozinha irritante não os deixava avançar.
Então os olhos da rapariga começam a descer, assim como os olhos do rapaz. Cada um olha para a boca do outro deixando o outro bastante tentdo. Querem avançar, mas não podem. Porquê? Que segredos escondem eles que não se podem envolver. É então que a moça sente o toque de alguém na sua mão. Ele estava a tocar-lhe. Mesmo sabendo que não podia, ele tocara-lhe e avançou para ela. O que é que ela iria fazer? O que é que queria fazer? Queria fazer o mesmo que ele, mas seria despedida e o seu trabalho era a única coisa que lhe restava. Se tivesse de escolher entre o trabalho e o rapaz bele e enigmático parado na sua frente, quem é que iria escolher realmente? Enquanto ela se debatia com estas perguntas sem resposta, o rapaz também não sabia se havia de continuar aquela acção que iniciou ou se parava por aqui. E o trabalho? Será que ela era mais importante que o trabalho? Então ele toca-lhe no queixo com o intuito de a fazer olhá-lo nos olhos. E simplesmente sorriu-lhe. Apenas fez isto e a tensão que parecia alimentar-se da rapariga abandonou-a por completo. Em resposta deu-lhe um sorriso tão belo, tão magnífico que ele ficou completamente rendido, se é que já não estava antes. Porque é que ele gostava tanto dela? Porque é que depois de tanto tempo afastado continuava a sentir algo tão forte lá dentro?
 

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terça-feira, março 8, 2011 - 20:56

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