CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Abismos
Vi-te hoje ao passar da esquina, enxovalhado, dobrado, encarquilhado, pela dor de não conseguires voltar a tua verdadeira face para a lua. São fases distintas que ela suporta nestes becos ensanguentados. Mas, nunca mostra ela também a sua verdade, nas noites em que uma das suas faces brilha sobre as águas que correm, serena e tranquilamente em baixo da ponte. Nesses escombros onde te deitas, já não há nada, a não ser um pedaço de chão que te aceita. De uma forma ou de outra, o chão que pisamos é de todos, mas aceitavelmente, pertence a quem por direito o ocupa, já que são as noites e os dias, os pilares que o sustêm. Há noites que são calmarias nos teus desejos, e dias que são como feixes de luz a queimar as entranhas da terra. Não sabes para onde te dirigir, e gastas o tempo a correr desenfreadamente, e sem forças para saberes discernir, se o dia ainda é manhã tardia, ou se a noite é ao entardecer, a caminhar para o abismo onde te deitas.
Lembro-me de olhar para ti, e tu sentado naquele banco de jardim, onde eu passava sempre acompanhada. Via-te, mas como não te conhecia, seguia o meu caminho, sempre na esperança de te encontrar mais à frente, quando tivessem cessado todos os olhares. Mas as vozes que te seguiam eram expostas às chuvas do fim do verão. Passei por mais um filão, e à beira rio, um beco estreito, que se deleita às costas de um sol que só espreita por entre as casas onde já nada sobrevive. Lamentos, choros de crianças e os pais são como os saltimbancos, em busca do pão que a seara já deixou de fabricar, faz tempo. Eu, inundava-te os passos de utopias, e lembranças de outros tempos em que também eu ocupava o mesmo chão.
Como sinalizar os espaços? Estremá-los de modo a que possamos ficar inteiros na terra de ninguém?
Há só um caminho! Baptizá-lo e delimitá-lo com as marcas que os nossos corpos contêm. Os trajes verdadeiros são sempre manufacturados pelos olhares da alma, e vesti-la, é um gesto que nos cabe por inteiro, mesmo que nos falte um pedaço de chão.
(A Voz do Silêncio)
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 1418 leituras
Add comment
other contents of ÔNIX
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Meditação | Em Busca de Paraísos Perdidos | 3 | 951 | 03/01/2010 - 22:10 | Português | |
Poesia/Fantasia | Um Novo Céu dos Poetas | 5 | 987 | 03/01/2010 - 21:55 | Português | |
Poesia/Amor | A Arte do Encontro | 3 | 1.563 | 03/01/2010 - 21:11 | Português | |
Poesia/Fantasia | Reflexos Lunares | 2 | 697 | 03/01/2010 - 20:34 | Português | |
Poesia/Meditação | Correntes Vadias e as Musas do Tempo | 5 | 1.788 | 03/01/2010 - 19:24 | Português | |
Poesia/Amor | Marés de Sonho | 4 | 670 | 03/01/2010 - 19:05 | Português | |
Poesia/Geral | Travessias do Tempo | 8 | 714 | 03/01/2010 - 04:07 | Português | |
Poesia/Amor | Fluidos de Carmim | 6 | 768 | 02/28/2010 - 20:35 | Português | |
Poesia/Meditação | O Eterno Mundo do Imaginário e os Corpos Subtis | 3 | 1.670 | 02/28/2010 - 20:17 | Português | |
Poesia/Amor | Mar de Emoções | 6 | 896 | 02/28/2010 - 16:10 | Português | |
Poesia/Dedicado | Escrever Para Ti | 4 | 851 | 02/28/2010 - 15:20 | Português | |
Poesia/Meditação | A Vista de Um Novo Mundo | 3 | 1.036 | 02/28/2010 - 15:09 | Português | |
Poesia/Amor | A Correr Para Ti | 3 | 1.012 | 02/28/2010 - 14:58 | Português | |
Poesia/Meditação | Cânticos Singulares | 4 | 819 | 02/28/2010 - 01:59 | Português | |
Poesia/Meditação | Metamorfose | 1 | 885 | 02/28/2010 - 01:54 | Português | |
Poesia/Geral | Sol de Outono | 3 | 549 | 02/27/2010 - 21:49 | Português | |
Poesia/Amor | Eu e Tu | 4 | 779 | 02/27/2010 - 21:40 | Português | |
![]() |
Fotos/Rostos | Eu | 1 | 1.615 | 02/27/2010 - 20:32 | Português |
![]() |
Fotos/Paisagens | Espigueiro - Moção Castro Daire | 1 | 2.148 | 02/27/2010 - 20:29 | Português |
![]() |
Fotos/Paisagens | Rio Paiva - Castro Daire | 1 | 7.135 | 02/27/2010 - 20:29 | Português |
![]() |
Fotos/Cidades | Sobreposições de Luz | 1 | 1.069 | 02/27/2010 - 20:27 | Português |
Poesia/Meditação | Passo a Passo Eu... | 3 | 1.663 | 02/27/2010 - 20:03 | Português | |
Poesia/Amor | Siêncio de Nós | 3 | 915 | 02/27/2010 - 19:44 | Português | |
Poesia/Paixão | Onde Tudo Acontece | 4 | 764 | 02/27/2010 - 19:32 | Português | |
Poesia/Meditação | Fiz-me ao Mar | 4 | 965 | 02/27/2010 - 19:26 | Português |
Comentários
Re: Abismos
ônix,
Adorei ler. A sequência da narrativa o encadeamento dos fatos e o final. Espetacular.
BJ
Re: Abismos
Olá Flávia
Um gosto ter-te também por aqui.
Beijos e obrigada
Re: Abismos
ÔNIX ;
Lindissimo registo, metódico e conciso.
Prende a leitura, preenche os espaços.
Espantosa a transição
"sempre na esperança de te encontrar mais à frente, quando tivessem cessado todos os olhares".
Muito bom
Re: Abismos/Mefistus
Olá Mefistus
Gosto de te ter como leitor.
Adoro o que escreves
beijos e obrigada