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A Cela

Quanto mais exígua for a Cela, mais rapidamente nos encontramos…

… Entrei no templo…
Aí aguardavam pela chegada de alguém - talvez uma alma intratável -, para lhe aplicarem os sacramentos de esconjuração do cepticismo. Tinham tudo preparado: os óleos santos, o circulo, a imagem da salvação…
Na penumbra da nave central os hábitos movimentavam-se pausadamente. Da abertura do capuz apenas se distinguiam alguns olhos reluzentes e o som dos cânticos que entoavam em coro diligente.
A tarefa apresentava-se árdua, tal a aglomeração de braços pujantes e objectos litúrgicos.
Aquele que esperavam deveria ser IMENSO. Imenso de confusão, imenso de sentimentos cruzados, imenso de duvidas, imenso de heresias. Um ser inveterado, sem ordem e disciplina. Tudo se aprontava para fazer dele um exemplo: um crente compulsivo!
Passei ao longe, na direcção do altar, alheado da cerimónia e atento ao que me aí trouxera. MAS, ELES PRECIPITARAM-SE SOBRE MIM!
Eis-me no centro do circulo… Percorro as imagens do passado, limpo as lágrimas já choradas, desligo as gargalhadas de alegria, descarno as memórias em remorso ou convicção. Os sortilégios são lançados por palavras de dialectos antigos. Não compreendo o que dizem, apenas sinto a alma em estrebuchares de marés vivas.
Estou no centro… do meu EU, o vento rodopia levantando tudo e não deixando assentar nada. Aqui e ali, algo salta para fora do círculo… O que vai restar de mim?!
Já me entregam uma túnica áspera e disforme de burel. Estou de luto… pela morte daquele que fui…
Encerraram-me numa célula escura… para nascer e crescer em nova mocidade. Sou agora noviço em nova idade. Preparo a fé numa nova oportunidade, aqueço o coração para acreditar e começar vida diferente.
Da pequena clarabóia da célula aprecio as cercanias e ganho coragem para deixar o refúgio e dissolver-me no mar de gente. A frescura e agasalho das pedras do cubículo são tentadoramente acolhedoras na sua despida humildade e inocência. Quando deixar esta paz, estarei pronto para enfrentar novamente as luxúrias do mundo?

III VIII MMVI
Andarilhus "(º0º)"

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segunda-feira, março 10, 2008 - 16:18

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Andarilhus

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Comentários

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Re: A Cela

Texto bem escrito, boa interpretação das coisas!

:-)

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