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A cidade tem os olhos das pessoas

A cidade está fria, a cidade tem os olhos das pessoas e os olhos das pessoas são bonitos e frios, como é bonito e frio o rio que vai nas ruas, que vai nas casas, que cheira nos esgotos. A cidade está fria e está doce, os olhos das pessoas estão abertos para que neles entre o vento da guerra e aquela força que se divide para que não se quebre o mais fragil amor.
A cidade tem os olhos das pessoas, na primavera todos os crimes de sangue cheiram como as flores e nós escrevemos longas cartas nas pétalas dessas mesmas flores. A cidade tem os olhos das pessoas, as palavras que a ausência guarda é nos teus olhos fechados o rio profundo. A cidade está fria, a cidade tem os olhos das pessoas, tem a água que esconde a sede e empurra os navios. E é indefenido todo este pensamento que não sabemos se o mesmo serve para alcançar estrelas. A cidade está fria, a cidade tem os olhos das pessoas e perguntamos como a cidade imagina os olhos das pessoas?! E julgamos que é preciso ser infeliz para imaginar sem limites. A cidade tem os olhos das pessoas, a cidade a fugir dos olhos das pessoas é o rio que se corta nas navalhas como um infiel. O rio são os olhos das pessoas, que é a água da cidade, o suor dos que trabalham ou o inutil cansaso dos que se querem sem desejo e sem convicção. A maior convicção da vida é morrer e morrer é tentar viver tudo de novo. Ser inconstante é uma rara virtude. A cidade está fria, há um fogo á volta , fios de arame para esculpir pássaros e tu és forte e isso não serve de nada á força do rio agarrado ao teu corpo magro. É por seres triste que a poesia é sublime, mas todas as frases nos enganam, não vamos chorar as palavras que morrem afogadas. A nossa pátria é uma piscina de palavras afogadas, a nossa pátria é uma coisa pequenina e muito grande no entanto quando cada homem não sabe o firmamento que é enquanto dorme. A cidade está fria, a cidade tem os olhos das pessoas, a água do rio não tem mistério, o mistério não é necessario, basta que os frutos sejam doces e os olhos sejam limpos. A cidade está fria, tão fria como o rio , fria como um crime. Ainda bem que há sangue a pingar nas roupas dos estendais. A cidade está fria, o pão tem bolor e hoje os teus olhos não estão nem mais nem menos nitidos que uma fotografia.

Lobo 010

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segunda-feira, junho 21, 2010 - 15:37

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