CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Crónica incompleta: A linha do Douro
Embarquei nesta pequena viagem de mochila branca, pequena mas pesada, apoiada nas minhas costas, numa tarde enublada.
À medida que a carruagem avançava em direcção ao destino predefinido, o ferro velho dos dois trilhos teimavam fundir-se num só, lá longe.
Pedras e mais pedras, de tons acastanhados e vários tamanhos passavam por baixo dos meus pés sem que lhes sentisse as formas, é que eu viajava, sentada, em cima de duas linhas paralelas em direcção ao Pinhão.
Nas margens deste passeio as árvores corriam ao meu lado vestindo-me das sombras, e quanto maior era a velocidade a que o comboio se movia, maior era a minha saudade de casa. Só ia estar fora dois dias, mas não há nada como o conforto do nosso lar, e eu ia para um que não me pertencia.
Os barulhos do vento entoavam uma música constante e ritmada, sentia-me embalada, bocejando o meu cansaço.
Vi de tudo; até os pássaros; apesar das nuvens cinzentas que cobriam a tarde. Vi também os agricultores a acariciarem as suas hortas com as enxadas ruidosas que se confundiam com o som metálico do comboio a percorrer a distância prometida.
No banco corrido onde me deleitava, havia lugar para mais duas pessoas, mas apenas a minha mochila e o meu casaco me faziam companhia, antecipando o frio que sentiria ao cair da noite.
Levantei os olhos do papel por uns momentos e fui assaltada pela imagem de um homem de semblante triste, na casa dos cinquenta, apoiado num par de muletas gastas. Faltava-lhe uma perna! A cabeça ia apoiada numa das mãos enquanto a outra repousava, rendida, na armação de alumínio necessária há sua condição.
Distraí-me com a paisagem em tons de verde e amarelo, pois o Outono já dera ares da sua graça por esses lados. O rio Douro seguia o mesmo trajecto transmitindo-me a calma e o desejo de nunca chegar ao término da linha.
Se me quisesse afogar não conseguiria, os peixes levar-me-iam em ombros até uma praia próxima, pois eles sabem que ninguém deve morrer no centro de tão bela vista, rodeada de socalcos criteriosamente recortados.
Cheguei.
Aqui, no Douro, o céu está sempre mais limpo, mesmo depois da hora tardia, as estrelas reluzem e há luz mesmo no escuro da noite.
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 823 leituras
other contents of MartaBaptista
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Videos/Perfil | 591 | 0 | 1.125 | 11/24/2010 - 22:52 | Português | |
Videos/Perfil | 590 | 0 | 1.166 | 11/24/2010 - 22:52 | Português | |
Fotos/ - | 1411 | 0 | 1.526 | 11/24/2010 - 00:39 | Português | |
Prosas/Outros | Crónica incompleta: A linha do Douro | 0 | 823 | 11/18/2010 - 23:51 | Português | |
Poesia/Geral | Eu sou feita também dos pássaros | 5 | 821 | 03/18/2010 - 19:32 | Português | |
Poesia/Geral | Eu estou aqui! | 3 | 674 | 03/18/2010 - 19:12 | Português | |
Poesia/Geral | A direcção do rio | 5 | 643 | 03/14/2010 - 16:30 | Português | |
Poesia/Geral | O farol | 3 | 724 | 03/09/2010 - 02:42 | Português | |
Poesia/Geral | O sonho | 2 | 850 | 03/09/2010 - 02:37 | Português | |
Poesia/Geral | Atenta | 4 | 871 | 11/07/2009 - 20:50 | Português | |
Poesia/Geral | As pedras | 7 | 821 | 11/05/2009 - 22:08 | Português | |
Poesia/Geral | És estátua | 11 | 861 | 10/30/2009 - 23:25 | Português | |
Poesia/Geral | A resposta | 4 | 671 | 10/26/2009 - 00:50 | Português | |
Poesia/Geral | O meu maestro | 9 | 745 | 10/25/2009 - 16:52 | Português | |
Poesia/Geral | A eternidade do tempo | 7 | 802 | 10/24/2009 - 21:25 | Português | |
Poesia/Geral | Um Propósito | 4 | 708 | 10/20/2009 - 20:01 | Português | |
Poesia/Geral | Paladar | 11 | 779 | 10/19/2009 - 23:58 | Português | |
Prosas/Outros | Uma carta para alguém- 2º Momento | 1 | 740 | 10/19/2009 - 04:25 | Português | |
Poesia/Dedicado | Dedicatória " O dessasombro" | 7 | 973 | 10/18/2009 - 23:09 | Português | |
Poesia/Geral | Poeta sem talento | 6 | 713 | 10/17/2009 - 13:22 | Português | |
Poesia/Geral | Hoje podia contar-te um segredo | 8 | 707 | 10/16/2009 - 23:30 | Português | |
Prosas/Outros | Uma carta para alguém - 1º momento | 1 | 771 | 10/16/2009 - 15:55 | Português | |
Poesia/Geral | A última viagem | 3 | 767 | 10/16/2009 - 01:25 | Português | |
Poesia/Geral | Ainda perto do Farol | 2 | 684 | 10/15/2009 - 17:43 | Português | |
Poesia/Geral | Não me culpes | 3 | 722 | 10/15/2009 - 02:37 | Português |
Add comment