CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Descartes e o Racionalismo - Parte III - o Racionalismo - continuação
... Dentre as quais as correntes de tendência empirista que se destacavam pela virulência. Noutras, de conteúdo peripatético – e mesmo as do próprio Aristóteles – verificou-se certo equilíbrio entre o Racionalismo e o Empirismo; mas, nas de caráter puramente empirista, como a Escola de Filodemo de Gádara (c.110 AEC – Jordânia) e as Escolas Céticas a tese racionalista foi quase que completamente suprimida.
Por outro lado, em várias tendências antigas de matiz racionalista, houve certa composição, na teoria do Conhecimento, com o Intucionismo por conta da crença de que a “Razão Perfeita” equivaleria à “Intuição Completa”.
Em algumas outras, de características místicas, o Racionalismo passou a ser aceito e integrado – após breve recusa dos mais puristas – por se acreditar que os elementos místicos seriam a culminância do processo racional no quesito do Saber.
Porém, o fim do Império Romano abriu as portas para as trevas da Idade Média e um novo elemento surgiu no horizonte: o Cristianismo católico. Em pouco tempo, a nova corrente teológica filosófica assumiu a preponderância espiritual e abocanhou a maior parte do poder secular, material.
A partir de então a disputa entre “Fé” e “Razão” passou a dominar o cenário filosófico e se tornou uma obsessão encontrar algum equilíbrio entre ambas; ou, melhor ainda, encontrar uma maneira de se “comprovar racionalmente (sic)” a existência dos objetos da fé (Deus, santos, céu, inferno etc.).
Essa obsessão, amplamente patrocinada pelo Clero, já que isto consolidaria seu poder, produziu várias distorções no Racionalismo tradicional, culminando com o surgimento do chamado “Racionalismo Medieval”, cuja principal função (peço licença aos amáveis leitores para repetir um termo vulgar) era criar várias “contas de chegar”; ou seja, uma espúria e forçada adequação dos elementos racionais e lógicos, com o intuito de “comprovar (sic)” a veracidade dos atos litúrgicos e da doutrina em si. Confirmar teses e teorias que só tem alguma validade quando são mantidas no terreno da abstração, da credulidade, da fé.
E essa procura, sob o patrocínio e a coordenação do Clero, não mediu esforços para atingir seu objetivo, pois a racionalização dos dogmas “legitimava” o Poder das elites clericais e nobiliárquicas, que não pouparam meios e fundos para conseguirem o intento. Todavia, apesar das pressões psicológicas, sociais e das torturas físicas e morais, via, Santa Inquisição, o resultado das fraudes só conseguiu convencer o populacho mantido na ignorância.
Para aqueles que tinham algumas luzes, o “novo” Racionalismo era apenas uma excrescência que o tempo se incumbiria de exterminar, pois não havia como concordar com a tese de que “ser racionalista” resumia-se em admitir que toda Realidade – e principalmente a “Realidade Suprema”, ie, Deus – era “racional” por ser “completa e facilmente compreendida pela mente humana (sic)”.
Podia-se, é verdade, usar-se os princípios genuínos do Racionalismo tradicional em outras ciências; mas não na Teologia (o estudo de Deus) e, por consequência, nem nas questões decorrentes, como, por exemplo, a Ética, que são vitais para o Ser humano, enquanto Ser social.
Um triste absurdo, entre tantos outros daquele perí-odo, que só teve fim com o declínio do Catolicismo, a partir das Reformas de Lutero (Martinho – 1483-1546 – Alemanha) e de Calvino (João – 1509-1564 – França); bem como, com surgimento das chamas do Renascimento que trouxe à luz homens como Descartes.
Com efeito, o impulso dado pelo racionalista francês à visão filosófica e a enorme influência que ele exerceu sobre o Pensamento ocidental pode ser visto não só como uma luz nas trevas medievais, mas, também como um resgate das grandes Escolas Filosóficas da Antiguidade.
E tal foi a importância desse acontecimento, que não foram poucos os eruditos que passaram a considerá-lo como o “Pai” da Filosofia moderna; proclamando que ao Racionalismo estariam vinculadas todas as teses filosóficas; e que em seu ideário estava a maior tentativa de racionalizar completamente a Realidade. Exemplo dessa veneração pode ser visto, por exemplo, no Pensamento do historiador Francisco Romero (historiador contemporâneo) que tece soberbas loas ao intento cartesiano de reduzir a Realidade ao Racionalismo (ou à Idealidade).
Porém, os elogios de Romero, bem como os demais, devem ser vistos com cautela, pois nas filosofias de Descartes e doutros racionalistas, como Ma-lebranche, Spinoza, Leibniz, Wollf (Alemanha – 1679-1754) etc. existem outros elementos e não só a racionalidade. E é certo que esses grandes mestres também fizeram um trabalho esplêndido com esses outros temas, principalmente no quesito do Conhecimento.
Ademais, as teorias modernas do Racionalismo só atingiram o seu nível de complexidade e de abrangência porque os autores antigos, e mesmo alguns Filósofos medievais, já haviam aumentado o leque de possibilidades da Razão, cabendo-lhes, portanto, parte significativa nos créditos.
Contudo, é óbvio que Descartes é digno de todos os elogios e das maiores considerações, pois foi de seu intelecto superior que nasceu o mais importante incremento à arte de raciocinar.
Continua...
Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, Primavera de 2014.
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 6694 leituras
other contents of fabiovillela
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Paixão | Pós | 1 | 1.246 | 05/25/2010 - 22:02 | Português | |
Poesia/Dedicado | Tatyana | 1 | 1.493 | 05/25/2010 - 21:03 | Português | |
Poesia/Amor | Amores Repentinos | 3 | 1.339 | 05/20/2010 - 13:24 | Português | |
Prosas/Outros | RADICALISMO - Filosofia sem Mistério - Dicionário Sintéticoio | 0 | 3.673 | 05/19/2010 - 00:43 | Português | |
Poesia/Dedicado | Libris Scripta est | 2 | 2.237 | 05/17/2010 - 01:56 | Português | |
Poesia/Tristeza | Dor | 0 | 2.646 | 05/15/2010 - 13:04 | Português | |
Poesia/Amor | Leve | 1 | 2.463 | 05/13/2010 - 19:51 | Português | |
Poesia/Amor | Essência | 1 | 908 | 05/11/2010 - 14:23 | Português | |
Poesia/Amor | Que | 2 | 2.713 | 05/09/2010 - 14:45 | Português | |
Poesia/Dedicado | Mater | 2 | 2.797 | 05/08/2010 - 20:25 | Português | |
Prosas/Outros | PLATONISMO, PLATÃO - Filosofia sem Mistério - Dicionário Sintéticoio | 1 | 2.665 | 05/05/2010 - 22:30 | Português | |
Poesia/Tristeza | Cinza Tarde | 1 | 1.822 | 05/02/2010 - 16:01 | Português | |
Poesia/Tristeza | Balcão | 2 | 1.436 | 05/01/2010 - 19:51 | Português | |
Prosas/Outros | OTIMISMO e PESSIMISMO, SCHOPENHAUER - Filosofia sem Mistério - Dicionário Sintético | 1 | 4.407 | 04/29/2010 - 21:15 | Português | |
Poesia/Geral | A 3ª Conjugação | 1 | 3.594 | 04/28/2010 - 17:26 | Português | |
Prosas/Outros | NIILISMO, NIHIL - Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético | 1 | 7.435 | 04/28/2010 - 08:41 | Português | |
Poesia/Geral | A 2ª Conjugação | 3 | 3.859 | 04/27/2010 - 21:19 | Português | |
Poesia/Geral | Imortais | 2 | 1.492 | 04/21/2010 - 16:23 | Português | |
Poesia/Amor | 72 Horas | 0 | 2.766 | 04/17/2010 - 23:40 | Português | |
Poesia/Amor | Poesia Morena | 1 | 1.968 | 04/17/2010 - 20:57 | Português | |
Poesia/Amor | Outra vez | 1 | 1.551 | 04/14/2010 - 17:15 | Português | |
Poesia/Tristeza | Angústia | 2 | 1.024 | 04/13/2010 - 16:29 | Português | |
Poesia/Dedicado | Ana Lira | 3 | 1.702 | 04/12/2010 - 21:00 | Português | |
Poesia/Dedicado | Balalaika Amarela | 1 | 2.577 | 04/10/2010 - 21:43 | Português | |
Poesia/Soneto | Soneto para a Moça do Rio | 0 | 1.874 | 04/10/2010 - 13:18 | Português |
Add comment