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Desculpa se sou Puta! - Introdução


"Foi ontem que pela primeira vez percebi
que a mulher para ser feliz,
tem de deixar de ser menina...
Que nem sempre o que se diz é aquilo que se sente...
Que a boca que se beija,
é a mesma que nos mente..."

Inês Dunas: "Foi Ontem..."
http://librisscriptaest.blogspot.pt/2009/12/foi-ontem.html

Havia na memória a malícia de querer sonhar, de quem aos catorze anos sabia de antemão que podia ser tudo e tudo ser, podia ter, querer aspirar a vencer, em suma podia viver.
Nos recantos mais sinistros do inconsciente deambulavam as quimeras de sonhos perdidos, no vácuo infecundo da impossibilidade de os alcançar. Tudo querer, tudo desejar e tudo perder.
O Mundo é um organismo vivo de sonhos perdidos, escondidos nas capas da dor da aparência, do cinismo maquiavélico de quem se rege pelos outros, por todos ou apenas pela macabra ilusão de se deixar levar, como pedaço de cortiça sem vida na tona de um leito de rio imundo, sujeito ás vontades de outras correntes e outros desejos.
Também eu armazenei desejos, sonhos e vontades, juntando-os mentalmente, catalogando-os em secções diversas nas repartições da minha mente, mal sabendo que ao invés de coleccionar ambições, iniciava uma verdadeira caixa de Pandora de sonhos destruídos.
Havia a secreta ideia, por mim idealizada, de um dia poder estar estável na vida, com um curso de medicina feito em tempo regular, após muito estudo e dedicação. Teria uma moradia na zona periférica da grande metrópole, com uma densa sebe verde a tornear os muros altos, talvez pintados de  laranja. O meu recanto idílico, escondido, onde teria uma piscina algo grande, com um relvado a circundá-la, e uma ou duas cadeiras, espreguiçadeiras  onde leria nos belos dias de Agosto os meus livros preferidos.
A fachada da moradia seria lindíssima, com um grande portão de ferro, estilo vivenda antiga e na garagem, situada preferencialmente do lado esquerdo da moradia, teria lá guardado o meu Mercedes SLK prateado, que apesar de nada entender de carros, sei que não é muito confortável para penduras atrás , descapotável, potente. Bom para curtir a vida.
Não que o objectivo da viatura fosse o de criar inveja entre os meus vizinhos banqueiros, mas porque uma dona de uma clínica médica privada no centro de Lisboa, teria que ter a devida aparência  de sucesso.
Encontraria o meu companheiro, num dos muitos jantares promovidos pela clínica, (até porque acredito que é após um belo repasto bem regado que os homens deixam de ser imbecis e passam a ser espelhos interiores da sua alma, sem a fachada Teen e machista que sempre usam, como uma máscara diante de uma pessoa do sexo oposto), casaríamos em tempo recorde, com direito a lua-de-mel num país tropical . Seríamos felizes, teríamos dois filhos um cão, de preferência da raça cão-de-água , de cor preta e bastante arisca e alegre.

Mas....

Ok, vou começar pelo principio, na certeza das coisas quando habitavam a minha vontade de crescer, de aprender e de a todo o custo querer ser dona de mim. O princípio para mim foi o menos doloroso, para ser franca nem sei bem como catalogar com segurança máxima o início desse principio. Mas serei fiel a esta tentativa de tentar de certa forma escrever esta espécie de diário, não com o intuito de me julgarem, ou de me defender, mas tão só o de me dar a conhecer.
Antes de tudo, sou uma jovem agora com 16 anos, estudante de notas médias, filha de pais separados, amante de leituras diversas e pouco dada a tarefas domésticas. Sou orgulhosa, timida, falsa, insegura, segundo a minha mãe "cabeça no ar", segundo o meu pai "presunçosa", mas aqui para nós...Acho que sou apenas uma jovem igual a tantas outras.
OK, talvez tenha uma visão da vida diferente das jovens da minha idade, mas isso provavelmente se explique pela minha tenra história de vida.

Olá a todos, o meu nome é S.(na verdade o meu nome nem começa por S, mas achei que ficava bem)e esta é a minha história...

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sábado, fevereiro 7, 2015 - 10:00

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