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"Despedida" (Carta de amor nº 6)

Quero que fujas de mim como a criança foge da fome, nos seus choros lancinantes a rasgar as horas de desespero. Como os pássaros fogem das balas perdidas que atravessam os céus em diagonais traiçoeiras disfarçadas em andorinhas alucinadas por um destino fatal.
Por favor, não te encostes às minhas sombras quando há um sol luminoso a dormir nos telhados da cidade, à espera das flores de uma outra primavera. O meu receio é que os teus olhos ávidos de descobertas, trespassem a cegueira que dormita no brilho dos meus. Que inventes estrelas nesse olhar que derrama dilúvios de tristeza. Que os vejas cintilar nesta paixão controlada.
Neles só desperta o amanhecer, porque tal como os peixes necessito do oxigénio dos mares desta agonia.
Guarda as flores que prometes, sempre que as tuas mãos me tocam levemente, como uma seda escorregadia. Não vês…? Apesar de gargalharem em êxtase, perfumes inconfundíveis, morrerão numa lápide qualquer, a descodificar a saudade da perda…
- Não quero que te inebries com o rubro das rosas que nunca terei coragem de receber.
Foge de mim…!
Não… posso ver-te.
Não quero.
Sim… não quero, porque me recuso a pensar com o coração, este orgãozinho inflamado que insiste nestes badalos de sinos sem a torre de uma igreja, como se o meu peito fosse um altar onde os Deuses hibernaram para sempre.
Já não compactuo com as traições do meu próprio coração. Recuso-me…
Os passos que vou deixando na areia da praia, quando te penso em marés de desespero,são indeléveis. Morrerão no afago de uma onda que os apagarão definitivamente.
Sei… que apenas o silêncio acompanhará a minha inquietante tristeza. Que não me traduzirei nele, muito menos nesse desencontro que me imponho, mas sobreviverei, acredita.
Por isso, peço-te… foge das minhas sombras. Nada do que te posso dar te completará ou minimizará o teu e o meu desassossego. O amor está repleto de impossíveis, sabias?
Não quero morrer como um naufrago exausto, à beira da praia. Prefiro continuar o meu caminho, morta por dentro, deambulando com passos de chumbo, pelos resquícios do tempo. Prefiro chafurdar neste desencadear aflitivo de contradições gritantes.
Tenho medo!
Amar… nem sempre se traduz com a mesma singeleza de uma rosa que brota num coqueiro de espinhos. Agora só uma a eternidade me apraz. A do nada!
Vá... foge de mim...
O enamoramento das palavras por mais que me atordoe é-me indiferente. É essa a minha determinação e a minha teimosia, por mais que sofra. Entendes?
Fico entre a espada e a parede, numa opção de burro com palas.
Foge de mim… por favor, foge…
Os muros que vejo à minha frente, assustam-me. Não tenho vara de condão para manter o equilíbrio, nesse trapézio flutuante onde os nossos corações sangram. Não colho os frutos de tais consequências imprevisíveis. Além disso… não sou alpinista, e ainda por cima sofro de claustrofobia.
Vai… foge de mim…!
Não te quero. Amando-te, assim… ressuscitarei da minha morte inconsequente e lenta…!

(VÓNY FERREIRA)

Nota:- Do meu romance intitulado: "O Despertar da Mariposa"
ESTE ROMANCE ESTÁ REGISTADO NA SOC. PORTUGUESA DE AUTORES e IGAC

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sexta-feira, agosto 8, 2008 - 12:04

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Re: "Despedida" (Carta nº 2)

"Não quero morrer como um naufrago exausto, à beira da praia."
Que poderoso, que esbelto, que elegância nas palavras! Os meus parabéns Vony!
Bjs

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