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Diablo - Capitulo 4 ( parte 3/4)

Lentamente os sons distantes penetravam no seu interior, rodeando-a, absorvendo-a, instigando-a. Por diversas vezes, tentara abrir os olhos e perceber onde estaria, mas por qualquer razão que desconhecia as pálpebras recusavam a obedecer-lhe e assim não lhe restava outra alternativa senão ampliar a audição.
Há medida que a respiração foi ficando regular, ela deixou de fazer força para abrir os olhos. Pensou que se não pensasse muito no assunto, eles acabariam por abrir e se acostumar á ténue luz que a cercava.
Sentia o corpo cansado e mais estranho que tudo, sentia dores. Verdadeiras picadas no corpo, como se tivessem derramado alcóol puro nas suas feridas abertas.
Sarah tentou se recordar do que se passara, mas a sua memória registava ainda certos pontos em branco. Lembrava-se de ter sido atacada por Humanos, provavelmente fieis ao Principe Negro, lembrava-se da loucura e do ódio nos seus olhos, há medida que se aproximavam e recordava-se vagamente de a terem atingido...Porém era tudo o que se recordava.
Estou prisioneira do Principe. Estou tramada! - pensou enquanto tentava não entrar em pânico.
Concentrando-se num som de vozes e passos distante, voltou as palmas das mãos para o sitio onde estava deitada e serenamente tacteou o redor, num movimento cuidado, evitando ser vista ou alarmar que a tivesse a vigiar.
Para sua grande surpresa, descobriu que apesar dos membros superiores lhe doerem, não se encontrava algemada ou amarrada. Sentiu a fina suavidade do lençol por baixo do seu corpo, sentiu as formas do seu corpo, livre de cordas ou outras formas de prisão e então sorriu docemente.
Parecia-lhe numa primeira análise, um bomprenuncio e que confirmava um pouco a tese dos seus ancestrais: Os seres do Lado Negro não são de facto muito inteligentes. Tudo o que tinha de fazer, era fingir-se adormecida, recuperar forças, recuperar a visão e então agir em conformidade com o seu estatuto de guerreira sagrada.
De subito, como que despertando totalmente do estado sonolento em que se encontrava, registou com alguma surpresa o odor de água oxigenada e instintivamente levou a mão á cabeça e ombros. Sentiu a rude textura de ligaduras e então ficou de novo baralhada. Que espécie de idiota me captura e ao invés de me amarrar ou me matar, cuida de mim?
Só então começou a pensar num milagre. Numa alternativa ao seu pensamento. Poderia ser possivel, por qualquer razão ininteligível para ela que o Principe falhara na sua captura e de algum modo ela se encontrasse a salvo dele?
Sarah respirou fundo e tentou se mover quando sentiu o som de passos se aproximarem. Desnorteada e baralhada, não fez qualquer menção de simular que estava a dormir:
-Quem está aí?
-Ah, vejo que já acordou.
-Quem...
-Então, não deve gastar energias para já. Descanse que a seu tempo tudo lhe será revelado.
-Ouça, não sei quem é nem o que pretende, mas não tenho muito tempo. Preciso de terminar uma tarefa..
-Eu sei. Mas duvido que seja bem sucedida, no estado em que se encontra é até uma sorte estar viva.
Sarah meditou uns segundos e por fim, foi forçada a indagar:
-Foi assim tão mau?
-Péssimo. - Respondeu tranquilamente a voz serena e pausada.
-Sim, não devem ter sido meigos, mas....Oh a espada?
-Aos pés da sua cama, achamos que iria precisar dela.
-Achamos?
-Sim. Eu e o jovem que a salvou!
A jovem esboçou um sorriso e pausadamente, concordou:
-Então ainda há salvadores neste mundo?
-Poucos mas bons!
-E como conseguiram....
Vencida pelo cansaço e sob o efeito de analgésicos acabou por adormecer.
Pacientemente o idoso sujeito limpou-lhe a testa com um pano humido e encarando o jovem que se mantinha calado e quieto a observá-la, ralhou:
-Tudo o que tinhas a fazer era ir aos correios!
-Mas eu já lhe disse...Eu não a podia deixar lá!
-Foi um gesto imprudente, mas talvez obra do Destino!
-Como assim?
-De todas as pessoas que podias salvar, esta era a unica que devias lá ter deixado.
-Não entendo!
O idoso sujeito acenou vagamente com a mão, enxeu o cachimbo de uma quantidade generosa de tabaco e apontando para a porta aconselhou-o a acompanhá-lo. Já no exterior, sob os raios solares que o abraçavam com força Primaveril, sentou-se numa pedra perto da casa e explicou pacientemente:
-Lembras-te quando te falei de alguem que iria surgir, para te roubar o medalhão?
-Sim.
-Alguem tão mortal, tão forte e poderoso que duvidava que sem treino tu o pudesses enfrentar?
-Sim.
-Pois bem, creio que esse alguem chegou.
-Ela?
-Não. Ela estará do nosso lado.
-Então quem?
-O responsável pelo ataque.
Paquito permaneceu calado, enquanto o homem de cabelo grisalho, expelindo uma grande baforada de fumo continuou:
-Agora todos te viram e provavelmente ele tambem. Agora sabe que existes e em breve serás perseguido por todos. Humanos e Inumanos. Pior que tudo, nunca completas-te qualquer tipo de treino.
-Mas e depois? Estamos longe deles e se não assumir a forma de Diablo ele nunca me encontrará. Ele só me viu como Diablo, não como Paquito.
O idoso sujeito sorriu irónicamente:
-Paquito co mo és ingénuo meu filho. Não és tu que o chamas, é o medalhão! Mesmo na tua forma Humana ele vai sentir a vibração e mais cedo ou mais tarde te encontrará.
-E ela?
-Teve a chance dela e falhou. Não será bem sucedida. Repara que ela foi derrotada apenas por subalternos. Se defrontar a Divindade negra morrerá rápidamente.
-Mas de onde ela veio?
-Isso agora não é importante. O que importa é que não podemos esperar muito dela.
De pé, num esforço Herculeano para não se desiquilibrar Sarah, ouviu incrédula a conversa e cerrando os punhos de raiva, retorquiu entre dentes...Eu sou a melhor guerreira de Imoraland, velho canalha!

 

A alguns quilómetros dali, na sala de visualização de imagens, a jornalista Mendoza corria o filme amador do surgimento do Diablo e pausava, para posteriormente voltar rápidamente atrás e visualizar de novo e voltar a visualizar e voltar a pausar.
Estava completamente alheada aos olhares interrogadores do seu colega e na verdade nem se sentia a raciocinar. Jamais vira algo igual em toda a sua vida e só queria se certificar de que não houvera qualquer truque de edição de imagem.
Por outro lado, ela tinha o dom de conseguir reparar nos pormenores, mesmo quando se tratava de uma gravação de má qualidade e dispunha de toda a sua concentração para facilmente memorizar ou se aperceber de algo estranho á filmagem.
Depois de percorrer com os olhos todos os cantos das imagens, depois de ter ampliado 10 Xs o tamanho da imagem, mesmo com ela a perder Pixels de nitidez, ela não desistia de tentar encontrar indicios que aos seus colegas haviam escapado.
O filme fora feito a uma relativa distância e o cidadão que o fizera, balouçava a camera como se estivesse dentro de um bote salva vidas em maré de tempestade. Para piorar ainda mais a sua concentração, o responsável pela filmagem usara o Zoom como quem pisca um olho para sacudir um grão de areia e a verdade é que após dez minutos a visualizar tal obra prima, Mendoza não percebeu nada do que vira:
-É como te digo, parece ter sido um turista japonês a filmar!
-Está intragável.
-Completamente.
-Parece uma bola de fogo, mas depois a camera aponta para o céu!
-Parece que teve medo...
-Que raio! Podia ter sido o maior furo jornalistico.
-Ninguem viu, e no entanto correm barbaridades na imprensa.
-Se ao menos alguem tivesse visto ou percebesse o que tinha acontecido!
-Era pedir muito.
Gustavo Zalente acenou a cabeça e após se espreguiçar, pegou num cigarro Marlboro e abandonou a sala em direcção à sala de fumo.
Mendoza,começou a prepara-se para sair, quando num rápido segundo distingiu algo conhecido na imagem. Atónita, pausou a imagem e sentou-se pesadamente:
-Dios Mio! Ratito, que estás aí a fazer?
Demorou apenas alguns segundos até digerir a informação e como que tentando reiiniciar o raciocinio, sorriu, soltou a tecla de Pause e correu apressadamente para o exterior, rezando para que o seu amigo Ratito tivesse presenciado algo.

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sábado, abril 9, 2011 - 00:59

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