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Encostada às Margens do Silêncio

Hoje lembrei de um livro. Coloquei nele a minha incessante procura. Eu, no início, no meio ou no fim. Só um pequeno vestígio...deu para ver, e por isso, quando olho a janela e vejo nesta modorra, um desencanto sem o brilho habitual que me entra de chofre e se estatela na minha face, penso que sou aquilo que se chama, melancolia engendrada nas páginas de um livro qualquer.

Será antes uma sede de me mostrar, de dizer que estou aqui. Porque não me vês? Enviei um mimo... imagem que me deu um trabalhão a conseguir. Colocava a máquina em posição de automático, apanhava-me um tanto desprevenida, seios a descoberto, mais uma tentativa, e desta vez uma outra parte do corpo mais ousada que se queria escondida, e assim por aí adiante. Deu-me para isto. A ignorância é o pior de todos os males…não saber isto, aquilo e aqueloutro, não sentir o que é e saber o que deixa de ser. Bem, mas isto só para te dizer que te quis enviar um mimo. Mas se calha não gostas de mimos, muito menos à distância. Desculpa, não sabia. Não sei nada de ti. No fim das contas e como ia dizendo, a ignorância é o pior de todos os males. Veio-me agora à ideia, aquela noite em que decidimos ir ouvir cantar fado num beco de Alfama, e dei comigo a olhar-te exactamente da mesma forma que olhei a minha amiga naquele mesmo sítio. Via o entusiasmo dela, o brilho no olhar ao ouvir aquelas vozes esquecidas do resto do mundo, que se abrem num canto nocturno...o seu fado. Ser...dentro de tudo o que já foi num tempo. Eu estava entre o ir e ficar. Gosto de sentir este gosto, a música a embalar-me os sentidos, o corpo entrega-se e aninha-se bailando.

Saímos dali. Fomos dançar numa discoteca, dancei até me adormecerem os pés. Mas voltando a nós naquele mesmo sítio, lembro de te ver e pensar o que te levava a estar ali comigo, olhando-me como se eu fosse uma ave rara num jardim zoológico, sem saber o que é um "opioman" ou um "meloman". Exclui-se aqui o “megaloman”. Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe - uma frase que cai sempre bem nas memórias entrecruzadas de uma vida. Um trajecto bem delineado, o saber das coisas, das palavras, da história, de nós, seres estáticos empoleirados sobre o mundo dos homens, na descoberta do fantástico. Ser evoluído, culto, ter no pensamento as ideias e nas ideias o pensamento. Mas ainda vejo o teu incómodo, quando abanavas a cabeça e te questionavas sobre este fenómeno raro. O não saber, ou saber que não quer saber, tanto faz, vai dar no mesmo. A ignorância é o pior de todos os males, abaixo com ela, vamos limpar o mundo deste mal que está a assolar a humanidade, e então poderemos caminhar na construção de um novo mundo. Estabelecer o equilíbrio entre a luz e a sombra, sem ele nada funciona e o planeta precisa, se não, qualquer dia acordamos todos de cabeça para baixo.. Não, isso não! A luz precisa sobrepor-se à sombra, o equilíbrio terá que ser a outro nível. Que grande confusão! Sim, sem sombra a luz não existe, e ela (a luz) precisa da sombra como eu preciso de pão para a boca, já para não falar de sexo. Sim, mas esta questão é pertinente, porque o sexo poderá ser também alimento do espírito, assim como "o ópio do povo", eu é que não tinha pensado nisso...

Qualquer dia escrevo um livro sobre o porquê desta dificuldade em me relacionar com estas questões - sexo/homens/corpos. Talvez escreva sobre "Violação", "Pedofilia", ou "Homossexualidade". São sempre bons temas, e os Psicólogos apontam-nos como causas para distúrbios que encerram um qualquer capítulo, nesta ou noutra vivência, encostada às margens do silêncio. Será um best-seller (não sei inglês, que chatice). As pessoas gostam destas histórias escabrosas que as levam a entrar pelos labirintos da vida esmiuçando, desbravando até atingir o limite, onde já nada resta, a não ser a nudez do esqueleto, para voltar a engendrar os contornos da história...

("Às Escuras Encontro-te")

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domingo, dezembro 6, 2009 - 00:54

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