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Entrego-me ao rio
Entrego-me ao rio
quando o rio me vem pedir
as lágrimas dos olhos.
O rio ainda não conseguiu um poema
nem apanhar o vento
na boca de um pássaro.
Entrego-me ao rio
quando nos olhos dos homens
o pensamento é uma memória vazia
e é preciso fazer uma canção
com aquela vontade
que vem do grito
que a fome nos dá.
Entrego-me ao rio
quando estou cansado dos livros
mas se o amor vier respirar
ainda dentro do meu corpo
não vou perder a minha fé.
Entrego-me ao rio
depois de seguir aquela linha azul no céu
O rio ainda não conseguiu um poema
nem apanhar o vento na boca de um pássaro...
Lobo 09
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