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As Filhas do Sapateiro VII ( A Velha Parteira)

A Velha Parteira

Os meses que se seguiram foram de tristeza e desorientação para os rapazes que se aventuravam pelas serras tentando novas aventuras e brincadeiras preferencialmente no massacre de répteis como passatempo. Nem perceberam a chegada de um vulto. Assustados com o grito da mulher e tentados a correr para o seu único e conhecido refugio, descobriram que o vulto era parecido ao falecido sapateiro. Seria ele?!
Intrigados, foram averiguar mais de perto com as mãos fixadas no rosto da desconhecida criatura, enquanto o cérebro desvendava pelos olhos da mulher que também ela se entregava à descoberta de sinais, do seu mais tenebroso segredo.

A noite surgia como um vagão escuro através de imponentes arvoredos rodeando o rio de sons assustadores sempre que soprava o vento derrubando tudo à sua frente. O medo entranhado na alma da pobre parteira sussurrava constantemente na consciência dela como um abutre na espreita da morte a qualquer momento. E o medo, ou talvez a consciência e o medo, alertavam a velha como um relógio que bate as horas de minuto a minuto. Empurrada na decisão de acalentar a própria tristeza quando revia os rápidos momentos em que tudo aconteceu, sentou-se num pequeno banco de três pés junto à lareira e recolheu os rapazes junto ao peito. No dia seguinte tricotou dois gorros de velha lã. Quando chamou pelos rapazes já se encontravam despejadas pela mesa as jóias de ouro que tinha ganho como quem ganha o inferno eternamente. Queria despejar o inferno como quem despeja um balde de água suja pelas águas do rio. As crianças entregariam o ouro ao purgatório e o rio levaria o inferno até ao mar.
Como uma suave brisa a embalar um berço, também dois novos corações foram embalados numa poesia de reencontro à julgada felicidade.

(continua)

Carla Bordalo

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sexta-feira, março 19, 2010 - 15:21

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mariacarla

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Comentários

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Re: As Filhas do Sapateiro VII ( A Velha Parteira)

"Queria despejar o inferno como quem despeja um balde de água suja pelas águas do rio. As crianças entregariam o ouro ao purgatório e o rio levaria o inferno até ao mar."

o Inferno despejado. Belo pensamento, Carla.

Beijo

imagem de Mefistus

Re: As Filhas do Sapateiro VII ( A Velha Parteira)

Sonoro, lindo e colorido.
A maneira nobre como tece o ambiente e o interior dos personagens:
Queria despejar o inferno como quem despeja um balde de água suja pelas águas do rio

Uma pérola este pensamento. Muito Susan Sontag de quem eu aprecio!

Muito bom

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