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As Filhas do Sapateiro XI (O Voo Final)

O Voo Final

As crianças dirigiram-se à varanda agora aberta por onde se notava o cair da noite, e em suave gesto libertaram o pássaro que voou como uma pena ao sabor do vento, ao mesmo tempo que o nobre senhor a quem nunca chegaram a chamar pai, carregava em seus braços o corpo já sem vida daquela senhora que seria a mãe, mas que nunca lhe conheceram um colo. Também se ouviu o voo daquelas almas ganhando liberdade mas sem a leveza de dois pássaros apaixonados. Apenas o som da queda entoou mais forte que o barulho da multidão lá fora.
Quando soaram os sinos, e entre gritos, aflições e rezas, a multidão juntava desgraças no átrio da casa, permitindo que um vulto se infiltrasse lá dentro.
O pânico depressa se juntou aos horrores de quem viu a Casa Grande a arder. Enormes chamas erguiam pelos céus rompendo em impotentes mãos que nada poderiam fazer para salvar o que quer que fosse.

Terminara a romaria em menos de um dia, quando a certeira tragédia se instalou no coração dos habitantes e no caminhar dos peregrinos. Por labaredas de restos e pó de cinzas, os escombros faziam-se notar pela povoação que calcava com desgosto os restos mortais das questões envolvidas na desgraça.
Reviveram os inquietantes momentos das fatalidades daquele dia, como quem revive uma história encantada por desencantar num lugar em que ninguém lá quis morar. Limparam as cinzas, recolheram o lixo e ficaram as pedras caídas arruinando as memórias de quem lá passava no suplício de caminhar em pesadas inquietudes.

Permaneceu o silêncio de quem assistiu ou porventura crê ter assistido ao romper da primeira chama da tocha no atear do fogo da vingança. Acreditam que o vulto ao entrar em casa como uma sombra habituada à escuridão da alma, saiu de braços dados com a luminosidade dos filhos da lua.
O segrego acompanhou sempre o local ocupado no futuro das novas vidas. A lenda, memoriza e espalha com ela uma nova história.

Fim

Carla Bordalo

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segunda-feira, março 29, 2010 - 16:15

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