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Futuro no Presente III
Entramos no restaurante, permaneci um pouco distante durante o almoço, Raquel conhecia-me, sabia que estava demasiadamente absorto no assunto e a conversa restringiu-se a uma ou outra banalidade, acabamos a refeição, pagamos, ela perguntou se eu queria boleia para algum lado, recusei pois queria caminhar um pouco, tinha de aproveitar bem o tempo pois minhas férias acabariam no fim de semana e uma coisa bastante simples que gostava de fazer era caminhar após as refeições, coisa impossível durante a semana de trabalho normal.
Lembrei-me de uma certa altura da minha vida que estava com muitas dificuldades em comunicar-me com as pessoas, nessa época tinha aquilo que denominava síndrome de pensamento acelerado, minha psicóloga sugeriu então usar um botão rotativo imaginário, com ele sintonizaria a frequência dos meus interlocutores, foi algo bastante produtivo, fez-me pensar agora no poder desse tipo de ferramentas psicológicas, tinha usado algumas outras alem dessas, aqui e ali, por um motivo ou outro, então qual seria a ferramenta para as minhas viagens? Tinha de ser algo que eu usa-se para puxar o tempo, que eu pudesse parar e também me permitisse voltar para o presente, a ideia então surgiu, seria como um carrete, encaixaria a corda do tempo, ao enrolar caminharia para o futuro, se o bloqueasse ficaria nesse ponto do futuro e por fim se o soltasse ele desenrolaria e voltaria rapidamente ao presente, era a ferramenta que precisava e estava ansioso para a experimentar, fui para casa com um sorriso nos lábios, tinha a sensação que tem uma criança quando acaba de receber um brinquedo novo e quer o experimentar o mais rápido possível.
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