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A GRANDE FESTA DO PORCOS

     Então os porcos festejaram! Durante dias anunciaram suas intenções, espalharam convites por toda a cidade, convocando os asnos a participarem! Segundo o coro suíno: "todo asno era bem vindo!" E assim foi montada uma grande estrutura de marketing (as raposas, mestres nessa área, foram contratadas pelos porcos para cuidar dos detalhes!) e foi dado início aos preparativos. A data escolhida para a festa  foi 5 de outubro.

     Os asnos, convenientemente entusiasmados com tudo aquilo, aceitaram o convite e lá se foram agitando bandeirinhas e repetindo frases de efeito. Velhos, filhotes, todos animados com a possibilidade de participar de um acontecimento tão importante. Os porcos, por sua vez, tramavam em segredo, aproveitando-se da situação. Como provedores da educação precária para os asnos, os porcos criaram vários grupos diferentes para participar da festa.Com isso, os asnos acreditavam que defendiam interesses diferentes, que tinha ideias diferentes, que eram diferentes entre si quando, na verdade, estavam todos trabalhando pelos porcos e para os porcos.

    Grupos com siglas diferentes,   cores e slogans diferentes. Tudo para deixar a festa mais animada! Mais colorida! Porém, todos estritamente  iguais e, parafraseando Orwell: "uns mais iguais que os outros". Criaram até alguns grupos com temática religiosa para convencer os asnos mais relutantes a aceitarem e sob o lema "só com a fé um asno pode se salvar" conseguiram o apoio daquela parte da população!

     Então, assim, criou-se uma ilusão democrática a qual os asnos aderiram sem pestanejar! O esquema perfeito para tirar o máximo proveito do poder e dos benefícios que ele traz,  grupos (todos criados pelos porcos - haja vista que os asnos são incapazes de criar; apenas copiam!) dos mais variados tipos e defendendo as mais esquisitas filosofias.

     Os porcos, do alto dos palanques, apareciam na Rede Porco de Televisão (e todas as outras que, naturalmente, eram controladas pelos suínos) e faziam ecoar seus discursos inflamados, suas expressões cuidadosamente estudadas enaltecendo os benefícios e qualidades da festa. Apareciam em procissões, almoçando junto com os asnos em restaurantes populares, beijavam os filhotes dos asnos, surgiam em hospitais e na porta das fábricas! Tudo para convencer a massa!
    
     Alguns porcos montavam representações junto aos celeiros. Assim criavam a falsa impressão de que estavam mais próximos da base dos muares. Tudo para garantir o sucesso da festa! Os porcos também controlavam toda a justiça e, dessa forma, garantiam seus interesses. Volte e meia deixavam que alguma coruja (os juízes) manifestarem-se contra ou julgarem alguma causa polêmica. Tão somente para que os asnos acreditassem que havia justiça naquele lugar sendo que, logo em seguida, as decisões perdiam sua importância e eram esquecidas.

      Nas vésperas da grande festa suína o gato (sempre ele!) resolveu questionar aquilo tudo. Durante muito tempo observava os acontecimentos e não se convencia de que havia algo de verdade. Muito pelo contrário! Estudando a história dos bichos, convenceu-se de que o poder, através dos tempos, jamais mostra a sua face verdadeira! Porém, transforma os seres vivos em gananciosos e vazios. Era isso que estava acontecendo e ele resolveu se manifestar.

     Os asnos, devidamente aculturados durante anos de exposição a lavagem cerebral promovidas pelos porcos,    não conseguiam entender sobre o que o gato falava! Sua capacidade de entendimento limitava-se ao conteúdo esdrúxulo das novelas, do resultado dos campeonatos de futebol, do semi analfabetismo, da música vagabunda, da aversão cultural, da repulsa a moral,  e da aceitação incondicional de tudo o que é e está relacionado a massificação.

     Assim o gato tentava convencê-los que deveriam pensar. Porém, "pensar" é algo que não se ensina às massas. E os porcos, ao tomarem conhecimento das atividades do gato, ordenaram que os cães dessem cabo dele. E assim a única voz contrária foi silenciada.

     A festa aconteceu conforme planejado: milhares de asnos participaram! Cada um vestindo sua cor preferida, agitando bandeirinhas enquanto que os porcos observavam a tudo com um largo sorriso.

     O ponto alto da festa foi a eleição do rei porco e da rainha porca! Nenhum asno se deu conta que nunca um  foram indicado para o cargo tão importante - mesmo sendo a maioria que participava da festa! Mesmo assim, encaminharam-se entusiasmados para escolher os soberanos.

     Depois de escolhidos o rei e a rainha, a festa acabou. Os porcos voltaram para sua vida de regalias, poder, luxúria, negociata e esbanjamento. Os asnos retornaram aos campos para seu trabalho duro. E, na semana seguinte, receberam em casa uma carta com um valor que deveria ser pago. Era a conta da festa. Os asnos coçaram a cabeça mas não chegaram a conclusão alguma. Pois a função de um asno não é pensar! É baixar a cabeça e puxar a carroça para sempre!

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quinta-feira, outubro 2, 2014 - 12:20

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Daniel Kobra

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