CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Hoje, o céu é meu...
Esvazio a mente, deixo entrar a música e o corpo ondula desenhando a corrente de uma brisa de verão.
A cada batida do pé esqueço as cores artificiais e sinto a terra, o seu cheiro e as suas múltiplas combinações coloridas. Os braços esboçam os contornos das asas, as mãos hipnotizam com o movimento elegante das serpentes. Olhos semi-cerrados, sorriso prazeroso, não penso, danço.
A pista não é mais um círculo fechado repleto de gente. Os sons tribais que a enchem potenciam o transe a que me entrego. Não obstante, a escuridão não é completa.
Sinto-o a chegar e a descarga de adrenalina é inevitável. Senti-o como se uma pedra caísse no charco, criando o movimento, arrancando-me do abandono. Existem pessoas que afectam o ambiente, outras que captam essas sensíveis mudanças. Em alerta percorri o espaço. Esforçando-me na contra-corrente, procurei atingir a fonte. Na penumbra, ele sorria e os seus olhos atraíram os meus.
Por breves minutos voltei a ser uma chávena cheia. Muros ergui na breve tentativa de bloquear a luz e ofuscar a presença. Na verdade criava paredes com janelas que me permitiriam vê-lo sob a falsa ideia de protecção.
Dois passos arrastei na direcção no bar. Pedi uma gaiola para os meus impulsos, algo que travasse as pernas e que me colasse ao chão. Na verdade, o liquido que levei à boca desfez o açaime.
A Razão organizava, uma vez mais, a lista dos prós e contras. Ao recordar as minhas fugas e como o corpo lhe doera em todas as fantasias boicotadas, abandonou a tarefa a meio... Sem trela a vontade rugiu tomando posse, soltando vocábulos de puro desejo, eclipsando qualquer vislumbre de um Amanhã turbulento.
_ Vem! – Afirmo convicta da única solução para a minha fome.
Imaginem-vos dependentes de um alimento, raro, capaz de saciar a fome e a sede. Comparem-no a um oásis após uma penosa caminhada no deserto. Sombra, alimento e água ao alcance de um abraço… A fome ciente da privação é agreste, arrepia e crispa.
Sem esperar qualquer resposta fui para o exterior. A brisa marinha impregnada de música agita suavemente a superfície salgada. Instintivamente segui rumo à praia, deixando o meu rasto na areia prateada e silenciosa.
Os seus passos não tardaram a imprimir as vibrações que me assustam tanto quanto as desejo. Em resposta, a febre apodera-se, os olhos semicerram até sentir o veludo quente, a boca húmida, a língua sorridente. Abraço-o como se pudesse conter o Tempo, beijo-o como se pudesse criar um Presente Infinito.
Perfeitamente encaixada, assusto-me perante o sentimento de plenitude. Se mergulhar, se me deixar ir… Ao conhecer o Céu não terei eu uma maior noção do deserto em que vivo?
Hesito e hesitando preparo-me para uma nova fuga.
Como se adivinhasse, senti a pressão dos seus braços obrigando-me a fitá-lo. Sorriu e eu mergulhei no abismo dos seus olhos, de encontro à pele que nunca senti… Estremeci...
As mãos ondularam envolvendo-lhe o corpo na dança das serpentes, as línguas marcavam o ritmo. Parei para que me olhasse, enquanto alimentava as chamas do desejo. Ele arqueava e estremecia. Fechava os olhos e gemia. Sorria e os seus olhos eram o tecto da noite e todas as estrelas que esperava ver…
Quando a última peça de roupa planou até ao areal entrámos no mar prateado. As longas carícias prometiam um alívio em êxtase, os beijos confirmavam-no. Na união dos corpos, a carícia lunar resplandecia, sob a sua luz todos os sentidos eram igualmente amados.
Agora, era eu que fechava os olhos… Cerrava-os na incapacidade de conter as emoções que escapavam em suspiros alados. Harmonia e perturbação entrelaçavam-se no epicentro do prazer, criando ondas circulares de quente e frio. Incorporámos o movimento crescente da maré e sob o efeito da lua, na rebentação das ondas, entregámo-nos ao prazer que se sobrepõe a todas as coisas… Doce esquecimento…
Flutuo...
Desperto no céu e beijo-lhe a boca.
Amanhã não sei como será, mas hoje… Hoje, o céu é meu.
Publicado nos blogs: Olhar Joanna e na PEAPAZ
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 1564 leituras
other contents of Ema Moura
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Críticas/Outros | "O mundo já não é das palavras" | 2 | 1.226 | 04/13/2011 - 12:19 | Português | |
Poesia/Desilusão | À deriva | 2 | 780 | 05/05/2011 - 18:08 | Português | |
Ministério da Poesia/Amor | A minha origem e o meu fim! | 0 | 457 | 03/15/2011 - 01:52 | Português | |
Ministério da Poesia/Amor | A Razão... | 0 | 453 | 03/29/2011 - 15:03 | Português | |
Ministério da Poesia/Amor | A verdade incómoda | 0 | 477 | 03/15/2011 - 12:02 | Português | |
Prosas/Romance | Acorda Clara... Por favor! | 0 | 615 | 04/22/2011 - 13:22 | Português | |
Ministério da Poesia/Paixão | Agarra-me! | 0 | 574 | 03/15/2011 - 12:08 | Português | |
Prosas/Erótico | Amar é levar o pequeno-almoço à cama | 0 | 1.677 | 03/15/2011 - 16:13 | Português | |
Poesia/Erótico | Amarro-te! | 3 | 2.181 | 01/27/2013 - 16:45 | Português | |
Prosas/Erótico | As noites da Pantera | 0 | 720 | 04/15/2011 - 11:46 | Português | |
Ministério da Poesia/Paixão | Assim se baila El Tango! | 0 | 513 | 03/26/2011 - 18:54 | Português | |
Prosas/Contos | Brilho | 0 | 1.787 | 01/12/2013 - 23:20 | Português | |
Ministério da Poesia/Desilusão | Claramente | 0 | 674 | 03/15/2011 - 15:16 | Português | |
Ministério da Poesia/Amor | Confesso | 0 | 494 | 03/15/2011 - 11:36 | Português | |
Poesia/Pensamentos | Confissões de um conquistador | 0 | 1.490 | 09/22/2014 - 18:47 | Português | |
Prosas/Contos | Cupido | 0 | 742 | 03/15/2011 - 16:23 | Português | |
Ministério da Poesia/Desilusão | Deixa-me ir! | 0 | 409 | 03/19/2011 - 22:53 | Português | |
Ministério da Poesia/Paixão | Delírio solitário | 0 | 411 | 03/28/2011 - 16:13 | Português | |
Ministério da Poesia/Paixão | Desejo Febril | 0 | 601 | 03/15/2011 - 11:30 | Português | |
Ministério da Poesia/Paixão | Desejo felino | 0 | 398 | 03/25/2011 - 16:01 | Português | |
Prosas/Romance | Doce arrepio | 7 | 1.138 | 04/04/2011 - 16:13 | Português | |
Ministério da Poesia/Amor | E o impossível acontece | 0 | 541 | 03/15/2011 - 11:20 | Português | |
Ministério da Poesia/Intervenção | Em queda livre | 0 | 603 | 03/15/2011 - 15:50 | Português | |
Prosas/Contos | Esculpidos na pedra | 0 | 1.373 | 01/12/2013 - 23:15 | Português | |
Poesia/Amor | Espero | 0 | 1.566 | 01/12/2013 - 23:10 | Português |
Add comment