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Idealismo Alemão - Parte VI - Temas de Filosofia

Analítica Transcendental
 

Vimos na “Estética Transcendental” os conceitos de Sensações e Percepções. Aqui, na Analítica, trataremos do Pensamento ou Concepção.

Primeiramente analisaremos e nomearemos os elementos que formam o pensamento, os quais são como “alavancas” que erguem o “Conhecimento Perceptual” para o nível de “Conhecimento Conceitual (ou definidor)” que, por sua natureza superior, proporciona o Entendimento das relações, das sequências, das Leis, das Causas e Efeitos etc. daquilo que foi captado. São instrumentos da Mente que refinam a experiência transformando-a em Ciência ou Sabedoria.

Assim como as Percepções organizam as Sensações vinculando-as a objetos no Tempo e no Espaço; as Concepções organizam as Percepções (de objetos e acontecimentos) em torno das ideias de Causa, Unidade, Relação recíprocas, Necessidade, Contingencia* etc.

Em resumo:

Experiência (ou contato com o mundo externo)
Sensação,
Percepção.
Concepção.

Essas ideias ou noções de Causa, Unidade etc. são chamadas de “Categorias” e formam a estrutura onde as Percepções são recebidas, classificadas e modeladas segundo os conceitos do Pensamento. São as ideias que formam a essência da Mente, a coordenadora final das experiências.

A Mente, enquanto gestora de todo esse processo, não pode, pois, ser vista como uma simples “cera” sujeita às impressões das Sensações. Nesse particular, aliás, Kant não poupou críticas a Locke e aos outros empiristas.

E, com efeito, é quase impossível imaginar que as Sensações se organizem espontânea e naturalmente. Como acreditar, por exemplo, que um sistema filosófico da envergadura do de Aristóteles tenha surgido espontaneamente? Que não tenha havido a determinação de fazê-lo?

A esse propósito, Kant afirmou que: “As percepções sem as concepções são cegas” e, de fato, quando se coloca essa afirmação em modo panorâmico é possível observar que cada etapa é um degrau ascendente de ordem, sequencia e unicidade. A saber:

Sensação – é um estimulo desorganizado.
Percepção – é a sensação organizada.
Concepção – é a Percepção organizada.
Ciência – é o Conhecimento organizado.
Sabedoria – é a vida organizada.

Mas de onde provém esse esquema?

É certo que não chegam das coisas exteriores, do mundo externo, já que o mesmo só passa a existir quando dele tomamos conhecimento através das captações feitas pelos nossos Sentidos (tato, visão, audição, paladar e olfato) e através das Sensações oriundas de mil canais que se entrecruzam caoticamente. As coisas só existem porque foram captadas e porque a Mente (ou alma, intelecto, consciência etc.) as acolhe, análise e define. Porque a Mente as representa.

Assim sendo, fica claro que é o nosso propósito, a nossa vontade que dá o devido ordenamento, sequencia e unicidade a essa profusão de Sensações. Somos nós próprios, a nossa Mente, quem ilumina esse oceano.

Nota do Autor - Locke que em certa ocasião afirmou: “Nada existe no intelecto que não tenha antes passado pelos Sentidos”. Em contraponto Leibniz respondeu:“Nada, exceto o próprio intelecto”.

Essa assertiva já era simpática a antecessores de Kant, como o supra citado Leibniz e o mestre alemão fazendo eco a ele, declarou que “as Percepções sem as Concepções são cegas”, haja vista que se a Mente não fosse um elemento ativo e capaz de ordenar as Percepções ou Ideias, a experiência que as gerou seria debalde para elevar um espírito medíocre ao patamar iluminado da Sabedoria.

Dessa sorte, conclui Kant, o mundo não é ordenado por si mesmo. A ordem só existe porque o Pensamento que experimenta (ou que se relaciona com) esse mesmo mundo é, em si, uma ordem lógica. E, por isso, as Leis do Pensamento são, também, as Leis das Coisas, já que essas só são conhecidas por nós através do Pensamento. Assim sendo, é possível dizer que Objeto e Pensamento são, a rigor, uma mesma coisa.

Aliás, esse respeito, Hegel disse:

“As Leis da Lógica (do pensamento) e as Leis da Natureza são a mesma coisa e a Lógica e a Metafísica se fundem. Os princípios generalizados da Ciência são necessários* porque constituem, em ultima análise, as Leis do Pensamento envolvidas e pressupostas em toda experiência passada, presente e futura”.

Antes de encerramos esse capitulo será oportuno fazermos algumas divagações sobre a afirmativa kantiana de que é a vontade do individuo que dá ordem às captações; e que o ordenamento do mundo é o mesmo que o do Pensamento humano refletindo sobre as questões que seguem:

Por que é assim?
Por que o homem é dessa forma?
Quem ou o quê determinou que assim fosse?
Um mundo que fosse desabitado por homens seria um completo caos?
Ou nele imperaria outro tipo de ordenamento?
Ou existe esse caos completo, mas nós não o percebemos porque o editamos através das Leis do nosso Pensamento?

Não avançaremos na questão, limitando-nos a colocá-la na expectativa de ampliar as considerações filosóficas do amável leitor.

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quinta-feira, maio 22, 2014 - 15:15

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