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Jogar a mão

Mulher forte, peso a mais quero dizer, pele branca, muito clara, olhos castanhos, cabelo castanho, modestamente vestida, com um homem modestamente vestido que passeavam no 15 num feriado qualquer, não importa, sim o 15, o eléctrico em Lisboa, mas podia ser no metro, no autocarro, no Porto, no Algarve ou em qualquer lugar, não é importante, é indiferente, como a roupa modesta também não é importante, mas era importante que estavam lá os dois, ele, a um passo de distancia dividia sua atenção entre a paragem e ela, que chamava-se Maria, ou Paula ou Joaquina, tanto faz, mas a atenção cuidada era visível, clara, uma preocupação, uma terna preocupação de quem ama, haviam ondas de ternura naquele olhar, todo mundo que olhasse via, até via a trintona sexy que com desdém comentava jocosamente entre risotas para companheira de viagem sentado ao lado:
- Olha… uma lontra.
Ela, a mulher forte não ouviu, ele sim, olhou para sexy trintona com desdém, abanou a cabeça e olhou para Maria, ou Paula ou Joaquina, tanto faz, o que não é indiferente eram as ondas de ternura naquele olhar, a atenção, o afecto, o travar brusco do transporte, o jogar imediatamente a mão e segurar a sua mulher, sua fêmea, sua alma gémea que se aconchegava no corpo do seu homem, que um beijo carinhoso lhe dava e sentia-se por todo eléctrico o quanto lhe amava.

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sexta-feira, maio 23, 2008 - 16:34

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Veiga

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Re: Jogar a mão

O amor não se constroi na forma, no volume ou na estética... é emancipado de regras e mundos perfeitos, espontâneo.
Abraço

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