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Luana Prefere Morrer

Luana Prefere Morrer
Autor: Larry Redon

Tudo na vida de Luana é triste, por isso ela prefere morrer. As pessoas que conhece Luana sempre dizem que ela não tem motivo para isso, afinal, a moça tem tudo o que sempre quis. Luana tem um bom emprego, uma ótima casa, família, bichos, mas ela prefere morrer. O que será que faz a moça pensar assim? A falta de um grande amor? Não, Luana também tem um grande amor!
O marido de Luana a ama profundamente, faz todos os seus gostos, mas Luana prefere morrer. Ela passa o dia planejando sua morte. Escolhe as flores, as músicas que serão tocadas no funeral e até a roupa negra que mandara vir de Paris.
Luana passa o dia bailando com a morte, acha que a conhece, sabe dos seus segredos, mas muitas vezes acha que não conhece a si mesma. Luana anda sempre vestida de preto, não admite outra cor em seu guarda-roupa e se alguém sugere cores alegres, Luana ameaça matar.
Ela está sempre pronta para o trabalho, pois este não tem hora. Há dias que Luana trabalha pela manhã, outros pela tarde, outros pela noite. Luana está satisfeita com sua decisão de aposentar por conta própria. Já são longos anos na ativa. Seu trabalho exige muito esforço. Luana viaja o mundo todo. Às vezes trabalha dentro do fogo, às vezes dentro da água, ás vezes no ar, ás vezes na terra. Luana acredita que ninguém teria coragem de fazer o que ela faz e no dia que ela aposentar todos ficarão felizes, não porque ela vai abrir mais uma vaga no mercado de trabalho, pois ninguém aceitaria o cargo, mas porque sente que o povo quer vê-la longe.
Luana até acredita que algumas pessoas que não são da sua família a ama, mas isso é temporariamente até descobrir que o encontro com ela não vai aliviar sua aflições, pois ela não é amiga de ninguém e o seu trabalho não é levar consolo para ninguém.
Estes dias, Luana estava com viagem marcada para Paris, mas teve que mudar o seu destino, pois foi convocada imediatamente para ir ao Haiti. Foi a contragosto, mas enquanto não sai a aposentadoria, não pode recusar trabalho.
Chegou ao Haiti. Fez aquilo que tinha que fazer, mas recebeu ordens expressas para ficar mais uns dias. Mesmo revoltada com tanta exploração decidiu ficar. O seu país é parecido com o Brasil, não tem leis que apóie ao trabalhador.
Estes dias foi convidada a aproximar-se de Dilma, mas apesar de ter se aproximado da candidata à presidência, preferiu afastar-se: “mulher protege mulher.”
Também foi convidada para jantar com o Vice-Presidente, mas percebeu que o velhinho ia dá muito trabalho para ela e tudo que Luana não quer é mais trabalho. Já tem longos anos de vida, apesar de todos dizerem que ela tem apenas 18 anos.
Luana na verdade nunca se identificou com sua profissão, caiu na vida por acaso. Às vezes se sente como uma prostituta, que todos querem apenas na hora da depressão, mas quando se aliviam querem distância.
Luana tem cada vez mais certeza que prefere morrer. Não suporta mais levar o seu cajado e trabalhar dias e noites, sem poder ao menos se afastar pelo o INSS. Ela sabe muito bem como é o INSS. Muitas vezes passou por lá, a trabalho. Com sua generosidade quis prestar socorro, embora todos recusassem sua ajuda. Luana nunca viu tanta ingratidão e foi a partir daí que Luana decidiu morrer.
Ela está enjoada de ouvir pessoas darem palpites na sua vida. Todos acham que ela tem motivo de sobra para ser feliz, mas na verdade ela sabe que se nunca se aposentou até hoje é porque ninguém nunca foi solidário com ela, ninguém nunca quis assumir o seu posto de trabalho.
Luana se olha no espelho. Olha para sua face cada vez mais linda e juvenil. Tem vontade de quebrar o espelho, fazer dele uma arma e se cortar para acabar com a própria vida. Mas Luana sabe que isso é impossível, pois foi lhe dado o poder de matar todas as pessoas do mundo, menos a ela mesma, por isso Luana senta-se sobre os escombros do Haiti e sabe que terá longos anos de trabalho pela frente, porque ninguém aceita o cargo que coloram na placa na frente de sua empresa: “Precisam-se de Pessoas para Assumir o Cargo da Morte!”

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sábado, janeiro 23, 2010 - 19:09

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