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Mini
Há muitas coisas que eu gostaria de saber hoje sobre ti.
Por diversas vezes, dou comigo a pensar por onde andarás, o que estarás a fazer neste momento, se manténs o mesmo emprego, se continuas a viver com os teus pais, se ainda tens aquele mini velhinho, amarelo, pequenino e tão divertido. De cada vez que saíamos era uma aventura, nunca sabíamos até onde conseguiríamos chegar e isso, tornou-se o objectivo em si, de tantas e tantas vezes que ficamos pelo caminho.
Por vezes, muitas vezes, passamos as noites no meio de nenhures, junto ao carro à espera do auxílio sempre precioso do teu pai, que acordado sobressaltado a meio da noite, lá vinha ao nosso encontro para nos desenrascar uma vez mais. “Mas porque é que continuas a insistir em sair com este? Porque não levas o meu?” E ele nunca soube a resposta a esta pergunta. A verdadeira resposta que cada um de nós guardava dentro si, como um segredo nosso, nunca revelado sequer entre nós, mas que ambos sabíamos ser o verdadeiro motivo pelo qual teimávamos em utilizar aquele carro, ao invés do do teu pai, mais confortável, com melhor sistema de música, com aquecimento, etc. É que no fundo, no fundo o que verdadeiramente interessava, desde há muito que deixara de ser o sítio para onde íamos, ou o que íamos fazer. O que verdadeiramente interessava e nos levava a noite após noite, sair com aquele velho mini, era o facto de ficarmos parados, “encravados” no meio do nada, sem nada para nos distrairmos, fazer ou sequer nos tentar e então… então com a música de fundo a arranhar naquele também velho rádio, dávamos largas à nossa mente e às nossas línguas e, invariavelmente, noite fora, sentados dentro daquele pequeno carro, aninhados sobre nós próprios para combater o frio, dissertávamos sobre todas as coisas, horas a fio.
Naquelas horas, cada um de nós, despia a alma e o espírito e vivíamos apenas para aquelas conversas, que sempre tanto nos aproximavam e nos levavam aos locais mais recônditos do espírito. Falávamos, falávamos, riamos, esconjurávamos os outros, a sociedade, a vida, mas nós… nós éramos cada vez mais nós, mais amigos, mais unidos, mais irmãos.
Em ti, tive o irmão que o meu próprio irmão nunca foi. Contigo, vivi as aventuras que hoje conto aos outros como as minhas melhores memórias da adolescência. E hoje… estamos tão separados!
A vida é um lugar estranho que aproxima e afasta as pessoas com a naturalidade que só ela sabe impregnar às situações, fazendo com que, cada um de nós não se aperceba sequer desse afastamento tão subtil como gradual e quando nos damos conta… já passaram dias, meses e às vezes até anos, sem que nos tenhamos encontrado ou sequer falado.
Penso em ti muitas vezes, há muitas coisas que eu gostaria de saber sobre ti.
Muitas vezes te procuro, por e-mail, sms, telefonema, mas são mais as vezes que por estares demasiado ocupado, não atendes e/ou não respondes. Noutro dia, na passagem de ano, enviaste-me uma sms em que desejavas um bom ano e dizias que contigo estava tudo bem.
Por agora, saber apenas que estás bem, basta-me!
Mas depois… depois vou querer saber se ainda guardas aquele velho mini e se estás disposto a, numa noite destas, sair novamente comigo, nele.
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Comentários
Re: Mini
Talismãs.
Amarelos como o ouro da amizade.
Um beijo.
(Tás em grande!)
Re: Mini
...esse mini é de colecção... de (boas) memórias :)
abraço!
Re: Mini
Olá,
Uma Amizade que nunca foi esquecida. Pena que se tenha perdido no tempo.
Um texto belo e pleno de recordações.
Bjs