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A moça do metrô

A MOÇA DO METRÔ
Jorge Linhaça
17/08/2005

              Din don...próxima estação...na verdade não sei bem qual era a estação,mas
era alguma entre as estações Sé e Santa Cruz.
O metrô aproximou-se preguiçosamente da plataforma como se fora uma
imensa serpente de metal.
Meus pensamentos devaneavam sem paradeiro e meus olhos procuraram
a plataforma oposta, sem buscar nada de especial, olhando por olhar, foi quando a vi...
A moça estava ali languidamente recostada na parede da plataforma, não era
de uma beleza dessas que a mídia nos vende de corpos magros e longuilíneos, pelo
contrário, parecia ter saído de alguma gravura antiga quando as mulheres eram polpudas
cheias em suas formas.
Sua beleza não estava na falta, e sim na fartura de carnes como se ela tivesse
saído de alguma pintura renascentista.
A moça usava uma minissaia preta que deixava ver as suas coxas grossas
e pernas alvas bem torneadas como se fossem colunas esculpidas em mármore de
Carrara...usava uma bata de bicos,de um tecido branco tão diáfano que nada escondia
seus seios estavam quase à mostra, cobertos apenas pelo sutiã branco.
Mas não foi a beleza da moça que me chamou a atenção, e sim a sua postura, , sua perna direita flexionada para traz apoiava-se na parede, seu corpo estava totalmente
relaxado, seus olhos fitavam algum ponto de fuga indecifrável, sua leveza de espírito era
algo atrativo.Seus olhos fitavam o vazio como que a denunciar que ela estava de fato em
algum lugar de um passado recente, revivendo momentos de profundo significado para ela.
Seus lábios entreabertos como que suspiravam de prazer, em seu braço esquerdo
carregava, como quem embala um bebê recém nascido, uma rosa vermelha como o
batom que usava,, embalada em um cone de acetato, ornada com um ramo de trigo.
Ela sorria enlevada pelas recordações recentes, o brilho nos seus olhos denunciava
a descoberta recente do sentir-se amada, desejada, mulher enfim.
Não sei de onde vinha aquela moça de cabelos úmidos, nem mesmo para onde ela ia,
por certo na direção oposta à minha, já que estava de outro lado do metrô, mas sei que ela
estivera a pouco tempo nos braços de algum homem que soubera despertar nela a força
da paixão, não sei se era seu namorado, seu noivo, seu amante...mas ela estava de tal forma
inebriada com suas lembranças que pouco se dava conta de onde estava, ou melhor de onde
estava o seu corpo, pois seus pensamentos, alma e espírito por certo estavam ainda na
companhia do seu misterioso praceiro.
Piiiiii...o ruído estridente do aviso de fechar as portas avisa-me de que é hora da
composição reiniciar a viagem...o trem começa a mover-se e eu dou um sorriso cúmplice para
a moça que pousou seus os olhos sobre mim naquele instante...ambos compreendemos
que aquela sua postura, aquele seu olhar, aquele sorriso singelo em seu rosto eram apenas e
tão somente sintomas de uma doce doença que a acometera, eram sintomas da descoberta
de quem enfim conhece as delicias do doce sentimento do amor.
 

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sábado, maio 21, 2011 - 12:13

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Jorge Linhaca

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