Momento de esquecer

Na vida há momentos para tudo. Momentos para recordar. Momentos para amar. Momentos para chorar e para esquecer. Quando te conheci pensei que eras um sonho tornado realidade. Que finalmente tinha alguém parecido comigo com quem contar. Gostava de sair contigo, de ouvir as tuas palavras, de sentir o teu braço sobre as minhas costas, amparando-me sempre. Inconscientemente pensei que fosse ser sempre assim. Tu irias abrir-te cada vez mais para mim, eu iria perder-me nessa fantasia, libertar-me completamente e acreditar completamente. Vivi momentos de alegria, de emoção e divertimento e agradeço-te por mos teres proporcionado. Deus sabe o quanto significaram para mim, como me senti bem na tua presença, como quis ficar contigo ao meu lado sem segredos nem constrangimentos. Depois veio o momento da traição, tudo o que tínhamos ruiu quando me descartaste da tua vida de uma maneira tão cruel, como se fosse uma carta num baralho que já não interessa a ninguém. Traíste a minha confiança, os meus sentimentos. Magoaste-me tanto! Mas não destruíste o melhor de mim. Mantenho-me fiel a mim própria, à pureza de princípios, não me arrependo de tudo o que fiz por ti nem me orgulho de ter sofrido como uma condenada. Atiraste-me para o fundo de um poço onde rastejei noite e dia na escuridão, não conseguia ser forte nem expressar a desilusão. Só me lamentava e auto-punia. Querias isso para mim? Não sei mas podes ter a certeza que não tenho mais lágrimas para ti, não te pertenço mais, estás fora do meu mundo e nunca poderás reentrar. Há momentos para reflectir e eu pensei muito. Em quem eu era contigo, no meu riso, nos meus planos e esperanças ingénuas. Deixei-me enganar e manipular mas isso acabou. Gosto muito do som do meu riso, não desgosto ver-me sozinha, aprecio a liberdade e sobretudo a serenidade. Tive a minha conta de complicações, de erros e calamidades, agora controlo o que antes era selvagem. Expludo com a mesma facilidade mas consigo descer sempre à Terra, vagueio, caio mas sei-me agarrar ao bem. Há momentos em que nos deixarmos levar pelo sabor da corrente e eu aproveitei o que me trouxeste sem contestar e pedir mais do que pudesses dar. Agora é momento de esquecer.