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Não era milagre andar sobre as águas
Não era milagre andar sobre as águas
A navegação dos dedos na espuma do piano. É cedo para morrer e tarde para ver a boca entoar a noite.
A navegação dos dedos na tempestade dos olhos, nesses olhos aguçados na carne das nuvens.
A navegação dos pés seguindo o fumo.
Andava sobre o fumo e agora já não era milagre andar sobre a água. Esse que andava sobre a água era um índio que comia a escura terra e fumava na taberna dos Deuses.
Na verdade eram homens velhos, mais velhos que os Deuses.
A navegação dos dedos na espuma do piano.
Lentamente nos dedos a fazer-me adormecer a fazer-me sangrar
Lobo 05
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