CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

O CAMINHO ATÉ BELÉM


Como estava triste Belém ao cair daquela tarde, principalmente porque era a época das chuvas. A viagem tinha sido longa e cansativa. Chegaram ao entardecer com aquela pequena caravana, que foi se formando pelo caminho, mas todos se dispersaram procurando acomodações. Ela era tão menina, tão franzina, e aquela barriquinha se projetava para frente denunciando uma gravidez adiantada, e balançava para lá e para cá na cadência decidida de seus passos. Os pés inchados doíam. As roupas úmidas pesavam no corpo, e as dores pouco a pouco aumentavam. 
Estavam ambos cansados, mas seus semblantes aprisionavam a paz e a tranqüilidade que as estrelas despejavam com o orvalho sobre Belém. O chão enlameado, e as pedras escorregadias faziam com que ela segurasse firme nos braços de José, que a amparava e perguntava em cada porta se havia ali um cantinho para os dois. Procuraram até o anoitecer. Não havia lugar. Tudo tinha um preço, tudo era pago naquela noite, até para repousar a cabeça. A cidade não os aceitou. Guiados por uma estranha estrela, eles seguiram para as pastagens, fora dos portões da cidade, e se aconchegaram junto aos animais, que se abrigavam sob o teto quebrado de um pequeno estábulo. E ali esperaram, esperaram... Eles já estavam acostumados a esperar. Todas as gerações anteriores também esperaram. Esperaram sob o domínio dos Egípcios. Esperaram quatrocentos anos na Babilônia. Jó esperou a vida inteira. Seus pais e avós esperaram por um rei forte e poderoso, esperaram por um libertador. O povo esperava um salvador que os livrasse dos romanos. José e Maria também esperavam. Esperavam  um filho.

Concluindo

José e Maria estavam acostumados a esperar e todas as gerações anteriores também  esperaram...
Falo por mim: jamais perco o trem. Procuro chegar antes e não gosto de esperar. Mas porque não podemos esperar? Porque  damos prazo para as ocupações divinas? Porque atrelamos sempre nossos compromissos espirituais às nossas ocupações terrenas? Porque nosso consolo espiritual, nosso louvor vem sempre após as soluções de nossos problemas materiais? Se sobrar tempo, eu vou! Qual é a nossa prioridade? Porque tudo tem que ser sempre na hora e do nosso jeito? Se chover, temos muita habilidade para transformar a chuva em desculpa para alguma coisa. Se fizer sol, também. Ah! As artimanhas do fiel. Deus as conhece todas, e os párocos também. Não podemos esperar? Temos muitos compromissos? E o nosso compromisso com Deus, não é tão importante, quanto?

O chão enlameado, e as pedras escorregadias faziam com que ela segurasse firme nos braços de José...
Não deixamos ninguém segurar nosso braço, não gostamos de amparar? Se o chão estiver molhado, se as pedras estiverem escorregadias, já é motivo para nosso tropeço? É motivo para que desistamos?

A cidade não os aceitou. Guiados por uma estranha estrela, eles seguiram para as pastagens...
José e Maria procuraram, pediram e ouviram muitos “nãos” até o anoitecer. Nós só aceitamos sim como resposta, porque o nosso ponto de vista é o certo. Ficamos grudados no relógio e reclamamos pelos 15 minutos que esperamos a mais. Esta espera não é de Deus? Não é para Deus? Esses minutos não são a favor da evangelização? Se somos irresponsáveis quando atrasamos, o que somos quando  não aguardamos os atrasados? Si temos que ser manjedoura, então Belém deve ser nosso coração. Por isso que digo:- Como está triste Belém ao cair da tarde. Como está triste Belém nesta estação das chuvas.  Vamos procurar Belém dentro de nós. Com certeza vamos encontrar a história de um casal que com resignação muito esperou para trazer um menino ao mundo.  -  J. Thamiel

Submited by

terça-feira, dezembro 6, 2016 - 23:39

Prosas :

No votes yet

J. Thamiel

imagem de J. Thamiel
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 34 semanas 1 dia
Membro desde: 05/02/2016
Conteúdos:
Pontos: 3642

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of J. Thamiel

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Prosas/Lembranças O Lago dos Patos 0 2.549 05/04/2016 - 11:21 Português
Poesia/Geral A Pedra 0 2.468 05/04/2016 - 11:35 Português
Poesia/Geral O riacho 0 2.147 05/04/2016 - 11:37 Português
Prosas/Lembranças Pra não dizer que não falei das pombas... 0 3.013 05/04/2016 - 16:06 Português
Prosas/Pensamentos CARGA PESADA 0 1.812 05/04/2016 - 17:16 Português
Poesia/Pensamentos ORGULHOSO COMPLACENTE 0 2.845 05/05/2016 - 11:42 Português
Poesia/Pensamentos O TEMPO 0 3.335 05/05/2016 - 14:00 Português
Poesia/Geral MEUS VERSOS TALVEZ TE AGRADEM... 0 3.708 05/06/2016 - 11:32 Português
Poesia/Geral O TEMPO PASSA 0 1.683 05/06/2016 - 11:46 Português
Poesia/Geral CONHEÇA-TE 0 3.574 05/06/2016 - 12:12 Português
Poesia/Amor Ao Meu querido irmão 0 1.829 05/07/2016 - 17:40 Português
Poesia/Pensamentos PALAVRAS 0 3.396 05/07/2016 - 19:56 Português
Prosas/Outros COMO FAZER SUCO 0 1.809 05/08/2016 - 13:20 Português
Poesia/Fantasia QUEM FEZ A MAGIA? 0 1.680 05/08/2016 - 13:36 Português
Poesia/Pensamentos ERVA CIDREIRA 0 3.859 05/09/2016 - 11:23 Português
Poesia/Geral BANHO, VINHO E VÊNUS 0 1.790 05/09/2016 - 16:13 Português
Poesia/Amor ADEUS (Parte I) 0 4.681 05/11/2016 - 02:21 Português
Prosas/Outros Beber urina faz bem à saúde? 0 2.464 05/11/2016 - 11:03 Português
Prosas/Outros Onde estão as pessoas que diziam viver apenas da luz do sol? 0 1.472 05/11/2016 - 11:15 Português
Poesia/Aforismo POEMA PARNASIANO 0 7.489 05/11/2016 - 14:14 Português
Poesia/Alegria À TOA É QUEM ME DIZ !! 0 5.150 05/12/2016 - 14:34 Português
Prosas/Pensamentos TÁ RINDO DE QUÊ? 0 2.340 05/12/2016 - 22:31 Português
Poesia/Geral IMPORTÂNCIA DO USO DAS FIGURAS DE LINGUAGEM NA POESIA 0 1.495 05/13/2016 - 11:57 Português
Poesia/Fantasia AVES-NAVES 0 2.201 05/14/2016 - 23:59 Português
Poesia/Dedicado PEDRAS 0 1.598 05/15/2016 - 15:21 Português