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O espantalho

Esta é história dum espantalho... Melhor, a narrativa dum homem que decidiu por fim ser espantalho... Não pelo dinheiro, não pela fama, nem tão pouco pela glória, mas pelo interesse genuíno na gargalhada... Naquela gargalhada estridente e apenas nessa... Longe de ser qualquer uma, se o vizinho não a ouve é porque, certamente, não servirá... Fartou-se de conversas de engate e de clichés, coisas que o fazem bocejar... Coisas triviais, banais segundo o próprio... Fez-se à vida de espantalho, com afinco e mãos vazias... Começou por registar a patente de quatro tiradas machistas, embebidas em magistralidade, e que beliscavam, inopinadamente, o equilíbrio de género... De alguma forma essa é a alma dum espantalho pós-moderno, a sua missão de vida... Chama-se jurar a bandeira... Não gasta dinheiro em preservativos de última geração e poupa rios em roupa... O aclamado espantalho de valor acrescentado... Ultrapassemos a afirmação do seu modelo de negócio... As agruras e as vitórias, algumas derrotas também... Passemos por tudo isso, passemos à moral deste exemplo de vida... Certa noite, já ela tardia nas suas horas, o espantalho desta história encontra-se à beira de uma vez mais valorizar a sua patente... Aproxima-se a mulher, alvo já há muito identificado... “Ai que bonito espantalho pós-moderno!”... “Então espantalho não diz nada, ao menos um olá”... “Olá”... Saúda ele, preparando-se em seguida para aplicação penetrante da primeira tirada patenteada... “Posso fazer uma pergunta menina?”... “Pode espantalho, faça lá”... “A menina é feliz?”... “Oh espantalho, eu sou bué da feliz e além disso sou gira!”... “Ah menina, mas assim tanto?”... “Bué”... “Pergunto então menina... Será que está orvalhada?”... Segunda tirada... “Orvalhada? O que é isso?”... “Assim como o orvalho nas árvores pergunto eu menina?”... “Ah, como esse não”... “Como grelo em calda então?”... Terceira tirada... “Oh espantalho não estará a abusar?”... “Oh menina está ou não está?”... “Com essa conversa não estou de certeza”... “A menina compreende que sou um espantalho pós-moderno, é a minha vida percebe”... “E já agora... Poderei eu finalizar com uma última pendência”... “Finalize lá a pendência”... “ Poderei beijar a sua delicada mão?”...Quarta e última tirada... “Podes”... Na proximidade calórica da mão da menina... “Menina onde andou com esta mão? Será que andou a sarapintolar?”... “Meu caro, andei por onde tu irás andar a seguir”...

E fica a moral da história deste homem, que um dia foi espantalho e que noutro, muito tempo depois, voltou a ser homem...

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quinta-feira, maio 7, 2009 - 22:21

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brunofilipe

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