CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

O fantasma da velha escola - 2

No intervalo, Marcão provocou Alfredinho:
-Ei, CDF, você gostaria de mostrar que é corajoso?
-Por que tenho que mostrar que sou corajoso?
-Porque aí não ririam mais de você.
-Como eu poderia mostrar?
-Teria coragem de passar uma noite naquela escola que foi fechada?
-A que dizem que tem um fantasma?
-Isso mesmo.
-Ah, essa conversa de fantasma é lenda urbana.
-Se é, não há por que ter medo de ir lá, não é?
-Você é maluco, Marcão?
-Eu sabia que você é um covardão, um frouxo.
-Ora, vá se catar, idiota!
Quando as aulas acabaram, Lilith se aproximou de Alfredinho e perguntou:
-O que o Marcão falou com você?
-Ele queria saber se eu teria coragem de ir àquela escola que fechou para passar a noite lá.
Lilith ficou mais séria do que o habitual e falou em voz baixa e firme:
-Não vá lá, eu peço.
-E por que eu iria? Lilith, você é estranha mesmo.
-Quem não encontra descanso, está cheio de revolta e de ódio, porque não se conforma e se sente injustiçado. Ninguém é mais perigoso do que o que deseja vingança.
Alfredinho riu amarelo, pois a seriedade de Lilith o perturbara um pouco. Ela prosseguiu:
-Os que não se conformam com a morte têm raiva dos que estão vivos, mesmo quando os vivos não são culpados pela morte deles.
Tentando disfarçar o nervosismo, Alfredinho retrucou:
-Olha, Lilith, eu sei o que é os outros rirem da gente e por isso, nunca mexi com você. Mas você, com essa conversa maluca, dá motivo para lhe chamarem de estranha.
-Eu sei quem sou e sei o que posso ver, seu idiota! E por isso estou lhe avisando: não vá além de nenhum limite! Se você ultrapassar, irá se arrepender para sempre!
Ela o olhou com hesitação, como se soubesse algo terrível demais cuja revelação fosse impossível de suportar. Demorou um pouco, mas terminou falando:
-Você não precisa saber nada, apenas que não deve ir á velha escola para saber se há um fantasma lá.
-Que mal um fantasma poderia me fazer, Lilith?
Olhando-o com mais seriedade, Lilith falou num tom funesto de advertência:
-Você gostaria de descobrir, seu idiota?
Lilith saiu da sala de aula bastante zangada e Alfredinho se perguntou se ela não seria meio louca enquanto pegava seus livros. Escutou a voz de José Afonso perguntando em tom zombeteiro:
-O que aquela maluca falava com você?
Dando de ombros, Alfredinho disse:
-Ela disse que eu não devia ir à escola que fecharam.
-A do fantasma?
-Sim.
José Afonso teve uma ideia maldosa e disse  a Alfredinho:
-E se a gente fosse para a velha escola? Você provaria que não é apenas um nerd medroso e que não há um fantasma lá. Eu tenho uma câmera e posso lhe filmar.
-Mas você acha que é uma boa ideia irmos a um lugar abandonado?
-Tenho certeza que lá não há nada além de ratos.
-Eu odeio ratos!
-Tem medo deles?
-Não, só nojo!
-Pois então, se topar ir, nós vamos. Eu filmo você, fazemos um vídeo e postamos na Internet. Você ficará famoso por ter ido investigar a escola que dizem que tem um fantasma.
-Não sei, não.
Alfredinho se foi e José Afonso foi procurar Marcão, que comia um sanduíche na cantina.
-Sabe, Marcão, acho que a gente pode dar uma lição naquele nerd bocó.
-Que lição?
-Que tal a gente fazer com que ele vá à velha escola fazendo-o pensar que ele fará um filme? Eu vou com ele e você vai atrás, disfarçado de fantasma.
O rosto de Marcão se iluminou ante a oportunidade de humilhar Alfredinho. Começou a rir.
-Imagina o palerma molhando as calças, correndo e gritando de medo! Ah, ah, ah!
Os dois caíram na gargalhada, prevendo a humilhação que fariam o pobre Alfredinho sofrer.
-Ele nunca vai esquecer! Ah, ah, ah!
Deixaram a cantina e saíram da escola, rindo e falando muito. Quando dobraram a esquina, Lilith saiu de trás da árvore de onde se escondera e ficou olhando por muito tempo para a esquina, balançando a cabeça com desânimo.

Submited by

domingo, agosto 2, 2015 - 11:01

Prosas :

No votes yet

Atenéia

imagem de Atenéia
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 7 anos 4 semanas
Membro desde: 03/21/2011
Conteúdos:
Pontos: 2453

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Atenéia

Tópico Título Respostasícone de ordenação Views Last Post Língua
Poesia/Tristeza La prisionera 0 5.659 04/29/2015 - 18:02 Espanhol
Prosas/Cartas Por que não acredito mais em Deus 0 2.814 09/17/2012 - 22:20 Português
Poesia/Desilusão The night is coming 0 2.937 05/09/2016 - 10:58 inglês
Poesia/Meditação Não queremos ver a verdade 0 1.300 05/09/2016 - 10:54 Português
Poesia/Amor Teu sorriso 0 1.019 03/30/2013 - 18:19 Português
Poesia/Desilusão You'll always remember me 0 2.878 09/16/2012 - 11:00 inglês
Poesia/Gótico I can see a girl 0 2.889 03/30/2016 - 14:33 inglês
Poesia/Gótico Ilusões enterradas 0 1.533 03/30/2016 - 14:27 Português
Poesia/Gótico Nobody will see me crying 0 3.388 03/28/2016 - 19:42 inglês
Poesia/Tristeza E os dias passados... 0 1.559 05/01/2016 - 10:19 Português
Poesia/Meditação Alguém pode me explicar 0 968 05/01/2016 - 10:16 Português
Poesia/Gótico Não quero mais ser eu 0 1.211 05/01/2016 - 10:13 Português
Prosas/Contos O dragão azul 0 2.074 03/24/2016 - 16:20 Português
Poesia/Fantasia Meu pesadelo 0 2.093 07/27/2012 - 11:34 Português
Anúncios/Outros - Oferece-se Translation 0 7.240 07/28/2012 - 11:22 inglês
Poesia/Gótico The ghosts 0 2.875 07/28/2012 - 11:27 inglês
Poesia/Amor You're here with me 0 2.851 07/31/2012 - 11:44 inglês
Poesia/Fantasia O presente 0 3.541 11/07/2016 - 15:45 Português
Poesia/Meditação Want peace 0 3.833 08/14/2012 - 14:41 inglês
Poesia/Meditação Oceano 0 2.269 08/16/2012 - 11:10 Português
Poesia/Acrósticos Amor 0 2.199 08/16/2012 - 11:13 Português
Poesia/Amor Just another day 0 3.542 08/19/2012 - 12:48 inglês
Poesia/Geral Don't force me 0 4.806 08/19/2012 - 19:05 inglês
Poesia/Gótico Música da madrugada 0 3.047 09/10/2012 - 23:27 Português
Poesia/Meditação Espera 0 1.430 08/28/2012 - 20:14 Português