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Pedro, o menino esguio!
Eram 18h15, Pedro, um menino esguio de 8 anos, esperava entristecido à porta da escola pela sua mãe. Manuela, a mãe de Pedro costumava ir busca-lo à escola, porque a casa deles ficava bastante longe e tinha que passar por sítios perigosos, não habitados, sem iluminação e por uma passagem de nível. O maior problema é que Manuela constantemente se atrasava, e por vezes nem aparecia, o que fazia com que Pedro deitasse os pés à estrada e corajosamente ía sozinho, demorando 1h a chegar a casa. Aquando da sua chegada, a mãe perguntava-lhe sempre:
- Como é que vieste para casa?
- Foi a funcionária Dona Francisca que me trouxe!
A verdade é que muitas vezes as funcionárias ofereciam-se para o levar, mas Pedro dizia que a mãe lhe tinha dito que ía chegar um pouco atrasada, e com isto, Pedro esperava, esperava sempre com a esperança que a mãe chegasse no seu Mini Morris azul, herdado do avô materno.
Pedro era um menino muito educado, não criava conflitos com ninguém, frequentava o 3ºano e era dos melhores alunos da turma, muito acarinhado pelos colegas e pelos professores, diziam ser um filho e aluno exemplar.
Manuela não trabalhava, recebia o rendimento mínimo e vivia apenas com esse dinheiro, o seu marido havia emigrado para França, e nunca mais deu notícias nem ajudou a família monetariamente.
Manuela passava o tempo em casa a beber todo o tipo de bebidas alcoólicas, gastando deste modo o dinheiro que fazia falta para Pedro comer, já que a maior parte das vezes este nem lanche lavava para a escola, mas também se lhe perguntassem se queria comer, dizia não ter fome.
A única refeição que Pedro comia, era o almoço durante a semana, visto que almoçava na escola, de resto ía comendo o que havia em casa, tentando mesmo às vezes fazer arroz à maneira dele e outras comidas simples, pondo a mesa e dizendo à mãe:
- Mãe, tens que comer para poderes cuidar de mim!
A comida em casa era pouca, por vezes a vizinha que tinha um restaurante, levava umas sobras para eles, ao que o Pedro deixava a mãe comer e só depois comia o que restava.
Os dias de Manuela eram passados sempre da mesma maneira, o Pedro acordava-a, pedia-lhe para leva-lo à escola, mesmo sem este tomar o pequeno-almoço, Manuela ainda a recuperar do dia anterior cedia e ía leva-lo. Voltava e começava a beber, passava o dia bêbada, somente quando terminavam as bebidas (e por vezes era Pedro que despejava as garrafas na sanita) e estando então um pouco mais sóbria é que se lembrava de ir buscar o Pedro à escola.
Certo dia, numa das vezes que Manuela se esqueceu do filho, e este depois de esperar 1h45 pela mãe, rumou a casa, eram já quase 19h, como era inverno estava já noite escura e chovia. Pedro já havia percorrido 20 minutos do caminho, encontrava-se encharcado, da água da chuva e das lágrimas, naquele dia havia pensado muito no que a mãe fazia, na vida que tinha e no que iria ser daí para a frente. Encolhia-se na berma da estrada sempre que via os faróis fortes dos carros rentes a ele, e tentava abstrair-se dizendo alto a tabuada. Depois de andar mais um pouco as lágrimas voltaram, Pedro para tentar afastar aquela tristeza, tapou as orelhas com as mãos e começou a cantar muito alto uma canção que havia aprendido na escola, tentava assim não ouvir nada, somente a sua voz. Continuava a caminhar e a cantar, o mais alto quanto podia, estava a resultar, Pedro começava a sentir-se melhor, foi então que se aproximou da linha do comboio e sem olhar começou a atravessar, como ía a cantar e com os ouvidos tapados, não viu o comboio e este colheu-o fatalmente.
A mãe, em casa, bêbada, nem deu por falta do filho, de manhã é que a vizinha foi a casa dela contar-lhe o sucedido, Manuela apanhou um choque, ficou imóvel durante vários minutos, sem saber se havia de acreditar ou não. Manuela decidiu tomar um banho gelado para acalmar a ressaca e ir ao hospital ver o filho, o qual já sem vida permanecia até à sua chegada, para esta confirmar se era o corpo do filho.
Chegou ao hospital rapidamente, ainda sem acreditar perguntou pelo filho, encaminharam-na até ao local e foi nesse instante, que ao ver Pedro estendido, pálido, com o seu corpo esguio, Manuela ajoelhou-se, pegou na mão do filho e disse a chorar:
- Meu filho, somente agora tive a noção do mal que te fiz, e aqui perante ti, juro que nunca mais tocarei em álcool, nunca mais irei beber aquelas bebidas que me arruinaram a vida e me fizeram perder a tua.
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Comentários
Re: Pedro, o menino esguio!
Muito bem escrito Dianinha...
Infelizmente espelha algumas realidades de muitas crianças...
Qtas tenras vidas se perdem por inconsciência dos pais...
Enfim...
Beijinho em ti!
Re: Pedro, o menino esguio! p/ Librisscriptaest
Obrigada Libri...
Sim, é uma triste realidade!
Beijinho...