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PENSAMENTOS 21

 

 

                                                        21

 

 

Fazer parar o tempo é que o homem não consegue  por mais que faça avançar a ciência e a tecnologia; voltar ao passado e prever o futuro, o homem bem tenta e até pode queimar os miolos porque nunca o conseguirá; só por ficção é que ele tenta voltar ao passado e prever o futuro e isso, consola - ao enganar - se a si próprio.

Este estudo diverte o homem e enquanto passa o tempo às voltas com a ficção que, é um faz de conta na gíria popular; enquanto faz ficção, os seus neurónios não se dedicam a pensar em prejudicar os seus semelhantes e é benéfico para si e para a sociedade em que está inserido porque é uma forma de cultura, dando asas à sua criatividade ao serviço do bem fazer, no entanto, esta criatividade também demonstra o seu poder, ao fabricar jogos de guerras e mortandades que, ensinam os mais novos à construção do mal e à sua destruição quer moral, quer física.

Que desperdício de inteligência com tanta coisa boa que ele podia fazer pela natureza e pelas crianças mal tratadas, ou pelos seus semelhantes que passam fome; se o dinheiro que o homem gasta na guerra, fosse aplicado em prole da sociedade, então não havia fome no mundo e as pessoas seriam mais felizes e ficariam eternamente agradecidas.

Mas infelizmente, o homem continua a gastar dinheiro inutilmente, até em contrariar a natureza para poder parar o tempo e deter o seu envelhecimento; até certo ponto ele consegue prolongar a sua vida mas, o envelhecimento nunca conseguirá parar por mais que avance a ciência, porque o tempo não pára e a natureza nunca se deixará enganar, pois o tempo é irreversível mesmo que morra a Terra e todo o universo; por enquanto, só a fotografia, consegue mostrar ao homem, o seu passado e por isso ele luta para prolongar a sua juventude mas, ao mesmo tempo, pelo mal que faz à natureza, o homem cria as próprias doenças que o elimina, parecendo até um castigo, pelo mal que ele faz.

Os homens até se vendem a si próprios e até fazem comércio vendendo ou traficando os seus próprios produtos do seu sangue, carne da sua carne, só por causa de obter dinheiro que é a maior indignidade do homem e a maior deformação moral que jamais possa existir.

Se eu fosse o tempo, fazia com que o homem parasse na idade da inocência, através da sua mentalidade, porque é a única forma de a sociedade humana viver em harmonia, sem fabricantes do mal, onde apenas o amor fosse como o pólen das flores que as aves e os insectos transportam para fecundar outras flores, apenas com o amor e a felicidade.

O homem tem tudo para ser feliz mas, ele luta até contra o tempo, para que o tempo não o detenha e não aprende com os sinais que o tempo lhe dá para não ser tão ambicioso, ganancioso e fazer mais por si próprio e pela sua sociedade, para que a sua alma seja como uma pomba branca que, esvoaça nos céus carregada de felicidade, por poder voar no tempo, sem o medo de envelhecer e encarar as leis da natureza como naturais e irreversíveis, fazendo progredir a ciência, para construir a felicidade em todo o mundo.

Não era mais bonito do que fazer as guerras, para ter poder e dinheiro, como se fosse dono do tempo? Seria um gesto nobre da dignidade humana e que se perpetuaria sempre no tempo que nunca morre.

Acorda homem e volta atrás, rectifica o mal que já fizeste porque demonstras que és inteligente. Continuando a construir o mal, mentalmente não evoluis, consomes o tempo, para o tempo te consumir e mesmo assim não aprendes, és teimoso e persistente, és como um animal irracional que não distingue que se está auto - destruir.

Não durmas em cima da tua consciência,  e pensa no mal que já fizeste, ainda vais a tempo de fazer com que o mundo, seja como uma pomba branca que esvoaça nos céus sem se preocupar com o tempo ou com o passado ou com o futuro, porque esse papel pertence à natureza.

O passado já não volta, já pertence à história, o futuro é que conta mas, não é preciso tanta preocupação da parte do homem, porque é o tempo que nos vai mostrando, todos os dias o tempo do futuro.

Eu queria ser como um micróbio invisível que representasse a paz, para poder penetrar na mente dos homens e poder controlá - los a vida inteira e sabem para quê? Pois é, é fácil de adivinhar, era para que ele pusesse sempre a sua inteligência ao serviço da humanidade a que pertence, espalhando o bem pelo planeta, para que toda a gente fosse feliz, não havendo guerras nem ódios mas, sim só amor, e tudo fosse tão alegre como o sorriso franco duma criança, a alegria penetrasse em todos os lares, a tristeza e a caridade fosse banidas da Terra, o trabalho honesto e os bons valores morais, fossem as únicas armas em prole da sociedade, como símbolos da vivência humana.

Como micróbio da paz na mente dos homens, faria com que todos os seres humanos se amassem e viveria eternamente em todas as vidas e não as deixaria cair, para os precipícios do mal que espreitam todas as mentes humanas; faria com que todos os músculos fossem usados na direcção da afectividade e nunca para agredir, nem sequer o vento que nos faz sentir vivos, para desempenharmos o nosso papel de humanos na verdadeira acepção da palavra em todas as culturas da Terra, e não se discriminasse os pretos dos brancos, o homem da mulher, o rico do pobre.

Encontrei uma criança e perguntei o que queria ser quando fosse grande, pensando que me ia responder que queria ser médico, engenheiro, bombeiro, ou outra profissão qualquer mas, para meu espanto respondeu – me expontâneamente que queria ser feliz; fiquei tão admirado que fiquei sem palavras e , ao mesmo tempo, maravilhado porque pela primeira vez na minha vida uma criança me respondeu assim tão objectivamente e com tanta sensatez; acho esta resposta de uma grandeza extraordinária, com a sabedoria de um homem de bem.

Viver feliz e com dignidade, sem ambições demasiadas, apenas com a ambição de ser feliz, como o desejo daquela criança que através de mim deu uma lição à maior parte da sociedade humana, apenas com o desejo cheio de simplicidade, ser feliz. Que mais quer um ser humano senão desejar ser feliz?

O alcance da felicidade varia de pessoa para pessoa, conforme o conceito de felicidade de cada indivíduo e a sua ambição para alcançá – la; umas são mais ambiciosas do que outras e ainda há as que são muito ambiciosas, portanto, umas para se saciarem de felicidade basta terem saúde, outras trabalho e uma casa, etc. Outras, as ambiciosas demais só são felizes se tiverem o Sol só para elas, a alma, a felicidade dos outros e mais alguma coisa e nunca chega para serem felizes, são as pessoas chamadas insaciáveis.

Nós o povo, costumamos dizer: quanto mais alto se sobe maior é a queda, portanto, cuidado com a ambição desmedida, não vão os demasiados ambiciosos cair e nunca mais se levantarem; nada melhor do que sermos comedidos nas nossas ambições.

Não há dois seres humanos rigorosamente iguais sobre qualquer aspecto, portanto, é difícil satisfazer duas pessoas com a mesma coisa, quanto mais uma sociedade humana inteira, pois a diversidade mental é muito grande.

Por muito que se faça em prole da sociedade, existe sempre alguém em oposição; o ser humano é mesmo assim, um animal eternamente insatisfeito, desde que nasce até que morre e a sua meta nunca está à vista, fica sempre mais além.

Qualquer animal irracional, por mais difícil e desconfiado que seja, se o tratarmos bem vezes a fio, com o tempo ele deixa de ter medo de nós e recompensa – nos com um abanar da cauda, uma lambedela, um olhar meigo e de gratidão, sempre grato pelas nossas carícias; o mesmo não acontece com muitos seres humanos, porque quase sempre quanto mais recebe mais quer e normalmente costuma morder a mão de quem lhes faz bem numa ocasião em que não lhe dermos a mais pequenina coisa que pediu; com a sua inveja natural que é uma característica forte de qualquer ser humano, pode até matar quem lhes matou a fome ou a sede, porque quer a comida e a água que o benfeitor tem. Estes são os ingratos e os insaciáveis, por isso são normalmente animais perigosos, esquecendo – se até da sua condição de humanos.

Mas porque é que nos chamamos humanos? Genéticamente somos, não há dúvidas mas, não basta só isto, é preciso demonstrá – lo através dos nossos actos, da nossa inteligência mas, estes se vão perdendo à medida  que a sociedade evolui, não na condição humana mas, apenas a nível da ciência e da tecnologia, para fazer a guerra, construir o poder e a economia.

São as armas da guerra e do dinheiro que torna os homens poderosos, porque despidos delas não valem nada, são tão insignificantes que se tornam desconhecidos; repare - se que um homem, apenas munido de uma arma, por muito insignificante que seja, pode amedrontar a população de uma cidade inteira e até provocar o pânico; repare - se também que, as grandes nações, são as que têm mais poder bélico e não apenas as que são mais evoluídas  socialmente; estas pouca importância têm, até nem se fala nelas, pois o bem estar de um povo é secundário e disto temos alguns exemplos de nações em que belicamente são temerosas e o povo  passa fome.

O homem, o que dá com uma mão, tira com a outra e nada faz sem interesse; disto tenho eu a experiência, porque quando estava no activo da minha profissão na função de acção fiscalizadora, tinha imensos amigos e quase todos me passavam a mão pelo ombro; depois de passar para a aposentação, olho para todos os lados e interrogo - me: onde estão os tais amigos? Passaram a ignorar - me e tratar - me como produto descartável ou até a ignorar - me.

Portanto, parece que tenho razão quando analiso assim os humanos, como amigos da onça, como se chamam na gíria popular aos falsos amigos ou amigos do interesse.

 

 

 

 

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quarta-feira, julho 27, 2016 - 09:10

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José Custódio Estêvão

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