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Pequenas Ações

Fabio Junior era um menino quieto, calado, sempre na dele, nunca disposto a fazer nada, os pais o levaram ao psicólogo, o doutor só dizia:
- Não se preocupem ele vai melhorar, é apenas uma fase, não há nada de errado nisto.
Fizeram vários exames. A avó falava:
- É verme, o menino esta cheio de lombrigas na barriga. Em seguida faziam lhe chás. Era boldo com babosa, era casca de maracujá moída e torrada. Mais o pior de todos era o chá de Romã. Tinha gosto horrível e Fabio Junior odiava.

 

Nos finais de semana, todos os primos iam a casa de Fábio, pois tinha piscina e muitos brinquedos, ele era o filho único da família, ninguém nem por parte de pai nem de mãe tinha apenas um, eram três ou até oito como a tia Márcia. E a casa virava um inferno. Fabio Junior pegava um livro e ia ler na beira da piscina, com um blusão e o sol a raiar.

- Fabio Junior meu filho, vai nada com seus primos. Olha tire esta blusa, esta um calor miserável. O garoto olhava e ignorava o pai. Depois observava a piscina, não se via nem a água. Ele continuava a ler o livro. A tia Gertrudes encabulada com aquilo logo disse:
- Cezar, teu filho precisa de uma amigo.
- Mais ele tem muitos tia Ge.
- Sim mais ele precisa de algo que seja dele. Ele é introspectivo.
- Eu já não sei o que faço, tentei de tudo.
- Porque não lhe dão um cachorro. Leve ele ao canil e o deixe escolher um cão.
- Tia Ge, já lhe disse que é sensacional?
- Não meu filho, no entanto não é preciso eu sei que sou. A senhora sorriu deixando a mostra a dentadura, usava óculos fundo de garrafa, era gorda e branca, cheia de sardas.
No outro dia bem cedo o pai, acordou Fabio Junior e o levou ao canil, o menino olhava com desdém para cada animal. Nenhum lhe interessava.
- Escolha um meu filho.
- Não quero um cachorro.
- Vai ser legal, podes ensiná-lo a fazer alguns truques.
- Não quero a droga de um cão.
- Tudo bem. Vamos levar aquele ali. Que tal se nós o chamarmos de Noberto? O menino saiu calado e foi se sentar no banco de trás do carro. O pai saiu com o pequeno cachorro marrom. O menino ficou olhando enquanto o pai soltava o cão no carro, o cachorro se aproximou do menino e começou a balançar o rabo, os olhos vivos e tão alegre. O menino o olhou:
- Sabe pai, acho que vou gostar deste cachorro. O pai deu um sorriso, a muito tempo não via o filho tão animado. Assim que chegaram a casa, o menino sumiu com o cão.

 

Algumas horas depois o pai já preocupado foi procurá-lo, e depois de algum tempo o encontrou. Os olhos do pai se encheram de lágrimas. Não era possível, teu filho não faria aquilo. Era teu filho único e tão novo, nove anos penas. O garoto sentado sobre um lençol branco, abaixo de um arvore, estava com uma faca à mão, terminando de fazer um corte na pata dianteira do cão. A outra pata já estava cortada. O pequeno cãozinho não chorava, o sangue saía dele. O pai continuou olhando sem ação. O menino enquanto cortava dizia:

- Agora poderá ser meu amigo, Montilo. Agora esta tal como eu. Sabia somos diferentes do resto do mundo. Temos algo em comum. Somos deformados.
O menino levantou a camisa, o pai se aproximou um pouco mais, tentou ver agora o menino. Conseguiu. Os olhos brilhavam, a testa suada, a boca sorridente. Foi descendo e quando chegou ao peito, viu que lhe faltavam mamilos. O menino fazia cortes com a faca na barriga. O pai não mais suportou. Correu até o menino, arrancou-lhe a faca, abraçou-o. O menino soltava gargalhadas altíssimas. O pai o puxou para si, olhou-o e tornou a abraça-lo
- Lhe salvarei meu querido, lhe salvarei.
- Eu não preciso ser salvo papai. Agora já tenho um amigo.
- Filho.
- Sim papai.
- Ele não sobreviverá.
- Claro que vai papai.
- Não sobreviverá. Venha. O menino se agarrou a arvore.
- Eu não vou sair daqui sem o Montilo.
- Tudo bem meu filho. O pai não sabia o que fazer. Pegou o cachorro, e seguiu com ele para o veterinário.

 

Tiveram que lhe dar pontos e o cão permaneceu internado por algum tempo. O menino foi visita-lo, estava feliz. Pois o cão havia sobrevivido e os dois eram parecidos. Montilo e Fabior Junior. Uma amizade que vai além das barreiras.

O cão ficou em pé, olhando para o menino, e o menino o abraçou.

 

- Agora sim, Montilo. Somos um.

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domingo, novembro 20, 2011 - 17:00

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