CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

PINTINHOS PARA TODOS OS LADOS

Eu tive um vizinho que vivia de braço engessado. Quando conseguia tirar o gesso do braço, quebrava a perna. Quando curava a perna, abria o pulso. Quando não batia a cabeça no poste, prensava o dedo na porta do fusca, ou então quase se esquartejava fazendo a barba.

Acredito que, algumas pessoas tenham propensão a acidentes.
O Zamarian, meu amigo, tinha propensão a incidentes, a interferências. Estava sempre onde não era chamado. Metia o nariz em tudo. Era muito curioso, meio desastrado.

De manhã, ele virava café com leite na toalha, ou derrubava o pão com manteiga no chão. Durante o dia, ele se sujava de graxa nas portas das padarias. Em tinta fresca, ele sempre colocava o dedo.  Nos aniversários, ele deixava cair a cobertura mole do bolo no sapato. Nos casamentos, ele conseguia tropeçar no vestido da noiva.

Um dia, nós tínhamos aproximadamente 14 ou 15 anos, o Zamarian me convidou para ir visitar sua tia na cidade de Americana. Era a primeira vez que eu viajava sozinho e estava muito eufórico. Chegamos lá, no sábado `a tarde, e no domingo cedo estávamos na praça da matriz, nos preparando para conhecer a cidade.
Uma larga avenida se estendia da porta da igreja e terminava na estação do trem. Fomos descendo vagarosamente, tentando imitar a calma e a lentidão do pessoal da região.
Quando percebemos, estávamos nos aproximando de uma roda de respeitáveis senhores que tranquilamente, em círculo, conversavam sobre alguma coisa. No meio deles, no chão, havia uma caixa de sapatos.

O Zamarian deve ter sentido uma atração muito forte pela caixa. Não resistiu. Deu uma corridinha, chutou a caixa arremessando tudo para o ar.
Meu Deus! Foi pintinho pra todo lado!
Ficamos surpresos e apavorados. Alguém mais agressivo podia nos pegar, e... Mas, ninguém reagiu. Recolheram os pintinhos calmamente e continuaram a conversa.

Era como se não existíssemos. Porque?
Por algum motivo não interferimos naquela situação. O mundo continuou girando, e fomos ignorados. Hoje, analisando aquele acontecimento, eu tenho consciência que podemos dizer em público, o que fazemos, o que experimentamos, o que abandonamos e no que acreditamos, sem sermos ouvidos.
Hoje, podemos semear novas idéias, criticar a ortodoxia, o racionalismo, o fundamentalismo sem que não nos dêem atenção.
Podemos nos expor a cada momento sem em nada interferir. Podemos ser ouvidos ou ignorados.
Talvez por isso, a agressividade na comunicação tem atingido o extremo, fabricando até homens-bombas.  Não adianta mais chutar a caixa dos pintinhos e sair. Será uma interferência inoportuna ou irresponsável.

Naquela situação não houve a comunicação desejada, apenas uma interferência numa situação desconhecida. Fomos infrutíferos porque desconhecíamos totalmente nossos receptores. Temos que aperfeiçoar nossa comunicação. A leitura de bons escritores, romancistas e poetas podem nos ajudar. O conhecimento do nosso idioma, da nossa gramática, mais ainda. Vemos em blogs e sites erros muito grosseiros. Como emissores de sonhos e verdades, temos que estar preparados porque é nossa missão.  Nosso código de comunicação está alicerçado em nosso conhecimento.
Se estivermos devidamente preparados, se soubermos como falar, como escrever e a quem nos dirigir, com certeza estaremos contribuindo para um mundo melhor.

J.Thamiel - Uma mensagem para você

Submited by

sexta-feira, maio 20, 2016 - 14:20

Prosas :

No votes yet

J. Thamiel

imagem de J. Thamiel
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 4 horas 42 minutos
Membro desde: 05/02/2016
Conteúdos:
Pontos: 3720

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of J. Thamiel

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Geral PARADOXO 0 2.540 05/26/2016 - 13:39 Português
Prosas/Outros TA RINDO DE QUÊ? 0 1.572 05/27/2016 - 03:39 Português
Prosas/Outros É A 'MARVADA PINGA' QUE TE ATRAPALHA? 0 783 05/27/2016 - 03:52 Português
Prosas/Outros RUMM, RUMM, RUMM, HÁ UMA POMBA ARRULHANDO NO SEU TELHADO? 0 1.980 05/27/2016 - 04:22 Português
Prosas/Outros JÁ MANDARAM VOCÊ TIRAR AS CALÇAS? 0 465 05/27/2016 - 04:37 Português
Poesia/Geral VITÓRIA - (Soneto) 0 681 05/27/2016 - 13:58 Português
Poesia/Fantasia VENTO ANDALUZ 0 632 05/27/2016 - 14:14 Português
Poesia/Amizade HOJE É DIA DO MEU ANIVERSÁRIO 0 507 05/27/2016 - 14:38 Português
Poesia/Comédia BURAQUINHO 0 1.837 05/28/2016 - 02:26 Português
Poesia/Dedicado FAMÍLIA - (Homenagem aos meus filhos) 0 1.699 05/28/2016 - 03:38 Português
Prosas/Outros PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS POMBAS. 0 1.339 05/28/2016 - 04:03 Português
Poesia/Soneto A CHEGADA DAS CHUVAS - (Soneto) 0 1.569 05/28/2016 - 14:02 Português
Poesia/Geral CONSOLO -- (Soneto) 0 662 05/29/2016 - 20:57 Português
Prosas/Outros O QUE É QUE 'BALANGA', 'BALANGA', MAS NÃO CAI? 0 996 05/30/2016 - 16:54 Português
Poesia/Soneto CAUSOS - (soneto) 0 1.453 05/30/2016 - 17:36 Português
Prosas/Outros VOCÊ CHOCALHA CHOCALHOS E PENDURA PENDURICALHOS? 0 1.019 05/31/2016 - 16:55 Português
Poesia/Amor ILUSÃO 0 406 05/31/2016 - 17:45 Português
Prosas/Outros 'ENSAIO' DE ANÁFORA PLEONÁSTICA 0 1.670 05/31/2016 - 21:29 Português
Poesia/Geral EU NÃO ESTOU MAIS AQUI 0 715 06/01/2016 - 15:42 Português
Poesia/Tristeza PESCARIA 0 380 06/02/2016 - 04:01 Português
Poesia/Soneto ESSA TAL FELICIDADE - (soneto) 0 931 06/02/2016 - 15:38 Português
Poesia/Dedicado GALINHA MORTA - (Homenagem à Cora Coralina) 0 1.654 06/03/2016 - 12:16 Português
Poesia/Amor INOCENTE MATADOR 0 716 06/04/2016 - 01:14 Português
Poesia/Geral NOSSOS ERROS DE PORTUGUEZ 2 575 06/04/2016 - 05:51 Português
Poesia/Desilusão O JARDINEIRO 0 791 06/04/2016 - 14:38 Português