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Por Ti Seguirei... (15º episódio)

(continuação de http://galgacourelas.blogs.sapo.pt/48328.html)

Enquanto esperavam, Alépio dispersou alguns guerreiros em volta do sítio, por pontos estratégicos de vigilância e convocou uns quantos homens para tratarem de recolher alimento e caçar na floresta.
Tongídio preparava-se para sair com a expedição de caça, quando ouviram a aproximação de cavaleiros. Olharam para os vigias, que deram um sinal positivo. Amigos que chegavam. Era Rubínia e companheiros. Na escuridão da noite não lograram atinar com o local marcado, embora tivessem pernoitado bem perto.
Tongídio, guerreiro austero e maduro, ficou com a expressão de uma criança que recebia a sua primeira falcata, como iniciação para a passagem à formação de guerreiro, de homem. À sua frente estava a mulher de quem o destino o tinha apartado por tão longo tempo. A esposa que deixara em espera, por outro amor: a pátria. A pessoa que mais amava e quem, a cada momento, lhe confiscava o pensamento, com saudades dilacerantes. E ela ali. Atravessara metade da Ibéria, atravessara o perigo por inteiro, só para o encontrar. Saltava agora do cavalo e vinha sobre si, de braços abertos. Era como um túnel aberto no tempo, em que tudo o resto parava à sua volta. Um sonho. O sonho que tantas vezes acarinhara acordado e com ele acabava por adormecer, na gruta fria do cárcere.
O impacto do corpo e do sorriso de Rubínia acordou-o de volta à realidade. Gritou o seu nome efusivamente, prendeu-a de tal forma que parecia que jamais a largaria. Beijou-a longamente, como pessoa querida, como sua mulher.
Rubínia era a encarnação da deusa da felicidade. Depois da provação, das pouco auspiciosas notícias do desastre, dos receios de jamais o voltar a ver, sentia-se aliviada, sentia-se realizada no dever, no direito de não aceitar um destino nefasto na inércia, cumpridos. Sentia-se sobretudo, agora, novamente, inteira. Tinha recuperado a sua outra metade. Sim, os dois eram um todo harmonioso, impossível de determinar ou separar em partes e continuar a existir.
Viam-se finalmente frente a frente, tangíveis, porém, nenhum dos dois conseguia proferir qualquer palavra. Não era necessário. O olhar, os rostos risonhos a própria agitação das mãos, dos corpos, eram eloquentes. Tudo diziam, sem que se ouvisse algo. Tongídio pegou em braços Rubínia e, em passo feliz, entranhou-se na floresta. Tinham muito a pôr em dia.
A cena do reencontro paralisou os presentes. Estáticos e em êxtase, reviam-se no momento e recordavam quem os esperava ou alguém que muito queriam. Sonhavam acordados, também.
- “Olhem lá seus mandriões, acaso não têm alguma coisa para fazer? Há que recolher lenha, tratar dos cavalos, limpar as armas! E vocês aí? Estão à espera que a caça vos venha cair aqui, nos braços? Ou pensam que Tongídio foi caçar e trará as presas sozinho? Ele agora vai deixar-se apanhar, não contem com ele, hehehehe!”, gracejou Alépio.
(continua…)

Andarilhus
XII : VIII : MMX

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quinta-feira, agosto 12, 2010 - 09:24

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