CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Por Ti Seguirei... (18º episódio)
(Continuação de http://galgacourelas.blogs.sapo.pt/49125.html)
…
Contorcido com dores, ergueram Reburrino para o cavalo de um companheiro, que o ampararia durante a deslocação. Deixaram para trás o souto, a passo rápido e sem se preocuparem em esconder os vestígios da permanência naquele lugar. Não havia tempo a perder.
Ia ainda curta a jornada quando, corroborando as palavras de Alépio, surgiu o Ebrol, mostrando-se em toda a sua imponência selvagem e energia pujante, alimentado pelo degelo, que o fazia correr, louco e intransigente, pelas escarpas da montanha. Apresentava-se lato e farto, abrupto e rebelde. Os Celtas continuaram, orientando-se pelo serpentear do Ebrol, em direcção a montante. Seguiam para Oeste, mas também para Norte.
Se partiram céleres, uma vez mais, a minguada quantidade de montadas para o número superior de cavaleiros começou a reivindicar o aparecimento de fadiga nos animais, a qual se propagou naturalmente aos homens, depois. A marcha diminui de intensidade e cobria cada vez menos terreno, no avançar do dia.
Movimentavam-se em silêncio e em permanente ansiedade, perscrutando a envolvência, com os sentidos em estado de alerta para qualquer som anormal ou vista desagradável. Quase sentiam o cheiro dos Romanos, mas não sabiam onde estavam exactamente os perseguidores. A cada topo das barreiras do relevo, o olhar para trás poderia revelar o que não desejavam.
Nessa noite o descanso foi uma mera ideia. Pararam apenas pelo zénite da escuridão e poucos conseguiram adormecer.
Assim que se pressentiu a alvorada, logo os fugitivos retomaram o trilho, sempre em ascensão.
Até então o Ebrol espreguiçava-se por uma bacia demasiado larga para mirrar qualquer intenção do seu atravessamento. Contudo, cada vez mais entranhadas na serrania, as suas margens tendiam a aproximar-se, como se cerrassem o abraço ao caudal. Certamente que um ponto de possível travessia estaria agora mais próximo.
Um pastor que porfiava por aquelas paragens rudes deu-lhes algumas indicações: -“Após aquele cume de rocha amarelecida – aquele que se vê acolá, vêem? – vão encontrar um planalto de erva rasteira. Vou lá muitas vezes com o rebanho. Perto da subida que se lhe segue há uma pequena ponte de madeira. Utilizamo-la sobretudo no Verão, quando fazemos as viagens de escambo com os povoados de Poente”. Agradeceram a explicação e acataram a instrução.
De facto, após vencerem uma encosta que deu luta feroz e apreciarem a tonalidade estranha daquele pico de granito, sentiram o ânimo recuperar o fôlego e uma maior tranquilidade ao absorverem a imagem e os odores da paisagem inspiradora do planalto. Ficaram com ganas de se deitarem naquela cama verde e macia e deixarem-se dormir longamente. Para os que caminhavam foi instintivo, para os que seguiam no dorso dos animais, alguns saltaram abaixo das montadas: uns e outros rebolaram-se naquele pano ledo, buscando algum conforto físico e mesmo emocional.
Alépio é que não desarmava ou relaxava. Foi de imediato à procura do ponto de passagem referido pelo pastor. E o que descobriu não foi nada animador. A ponte ou o que dela restava encontrava-se abaixo, junto à linha de água, esbarrada contra umas raras fragas, cujos cabeços sobreviviam ao afogamento do caudal vigoroso do Ebrol. Tudo indicava que a força do rio tinha sido déspota, num momento de maior rubor.
Enjeitava-se a solução. Havia que procurar alternativa. Alépio apressou-se a regressar para junto da comitiva e dar a mal fadada notícia. Ainda não tinha chegado junto deles e já notava que algo não estava nos conformes. Os seus companheiros estavam todos reunidos, de pé e a contemplar o caminho que os trouxera até ali.
Afinal eles tinham uma notícia ainda pior. Uma notícia terrível. Avistavam os romanos!
(continua…)
Andarilhus
IX : IX . MMX
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 2918 leituras
other contents of Andarilhus
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Aforismo | Despertar | 1 | 763 | 05/23/2008 - 21:46 | Português | |
Prosas/Outros | As Mutações da Máscara | 3 | 1.006 | 05/19/2008 - 17:58 | Português | |
Prosas/Ficção Cientifica | Yoanna | 4 | 1.230 | 05/16/2008 - 21:39 | Português | |
Prosas/Contos | Desfazer o Mundo | 4 | 1.014 | 05/13/2008 - 00:28 | Português | |
Poesia/Desilusão | Das certezas II | 5 | 861 | 05/10/2008 - 20:20 | Português | |
Poesia/Meditação | Das Certezas | 4 | 646 | 05/09/2008 - 22:43 | Português | |
Prosas/Outros | Rosa-dos-ventos | 2 | 897 | 05/06/2008 - 23:50 | Português | |
Poesia/Paixão | Ao Vento | 1 | 980 | 04/23/2008 - 22:27 | Português | |
Prosas/Contos | A Carta | 3 | 1.016 | 04/22/2008 - 21:01 | Português | |
Prosas/Contos | In mea limia | 1 | 1.095 | 04/19/2008 - 11:01 | Português | |
Poesia/Meditação | Sina... | 2 | 1.078 | 04/18/2008 - 21:49 | Português | |
Prosas/Contos | Iniciação | 2 | 1.238 | 04/14/2008 - 17:03 | Português | |
Prosas/Contos | Mare Nostrum | 2 | 865 | 04/12/2008 - 22:26 | Português | |
Prosas/Contos | SantAna Vitae Maestra | 1 | 762 | 03/31/2008 - 21:30 | Português | |
Prosas/Contos | O Circo da Vaidades Perdidas | 2 | 1.120 | 03/30/2008 - 23:05 | Português | |
Prosas/Contos | Santos e Mártires | 2 | 737 | 03/29/2008 - 14:46 | Português | |
Prosas/Fábula | Epifania | 2 | 1.532 | 03/28/2008 - 22:30 | Português | |
Poesia/Tristeza | Desfiar o Castigo | 1 | 946 | 03/28/2008 - 21:37 | Português | |
Prosas/Outros | Saudade | 2 | 1.179 | 03/28/2008 - 00:16 | Português | |
Prosas/Contos | Os Lugares do Nunca | 2 | 988 | 03/26/2008 - 21:39 | Português | |
Poesia/Amor | Predilecta | 1 | 697 | 03/26/2008 - 00:53 | Português | |
Prosas/Contos | Afortunados os pobres de espírito | 2 | 1.470 | 03/22/2008 - 15:03 | Português | |
Poesia/Intervenção | Aquele que... | 1 | 1.194 | 03/21/2008 - 14:45 | Português | |
Prosas/Contos | O Meu Jardim Presépio | 1 | 1.027 | 03/19/2008 - 19:56 | Português | |
Poesia/Desilusão | Transvaze para a fonte do ser | 2 | 1.419 | 03/19/2008 - 19:12 | Português |
Add comment